26 jun, 2020 - 22:53
Os seis detidos na "Operação Sem Rosto" da PSP, realizada na quinta-feira e que visou vários crimes relacionados com a claque No Name Boys, apoiante do Benfica, ficaram esta sexta-feira em prisão preventiva, disse à agência Lusa fonte policial.
Os seis arguidos foram presentes na tarde de hoje a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, que decretou a medida de coação mais gravosa para todos, com idades entre 22 e 33 anos e indiciados por um crime de homicídio na forma tentada, por dois crimes de roubo, por vários crimes de agressão e por situações de dano e de furto.
A "Operação Sem Rosto" decorreu na Área Metropolitana de Lisboa e levou ao cumprimento de mandados de busca domiciliária e de detenção, com origem numa investigação a elementos da claque No Name Boys, suspeitos de crimes praticados por este grupo de adeptos.
Questionado durante a conferência de imprensa realizada na quinta-feira sobre se entre os detidos poderiam estar os responsáveis pelos insultos inscritos nas paredes das casas do treinador Bruno Lage e do jogador Pizzi, ambos do Benfica, o responsável pela investigação da PSP assumiu poder “haver uma relação direta ou, pelo menos, da mesma natureza com esses factos”.
“Não consigo concretizar que haja uma relação direta entre os arguidos detidos hoje [quinta-feira] com essa situação, mas esses factos estão sob investigação e existe a possibilidade de, entre os suspeitos detidos hoje [quinta-feira] e os que possam vir a ser identificados, haver uma relação direta ou pelo menos da mesma natureza”, explicou o comissário Bruno Pereira.
De acordo com este responsável policial, a "Operação Sem Rosto", que teve início em maio de 2019, incidiu sobre duas linhas de investigação: uma a “factos cometidos em estádios de futebol”, como “agressões a agentes e adeptos de outros clubes portugueses e estrangeiros”, e outra sobre “ações planeadas com reconhecimento prévio junto de moradas, viaturas e rotinas” que permitiriam aos suspeitos “orquestrar ataques a adeptos rivais” em locais com maior probabilidade de sucesso.
A agressão a dois adeptos da Juventude Leonina na zona do Lumiar, em Lisboa, em maio deste ano, está também “indiciada relativamente a estes factos”, confirmou o comissário Bruno Pereira.
“Havia ações claramente planeadas, orquestradas e é bem indicativo disso mesmo o facto de serem encontrados manuscritos com elementos de identificação e informações relacionados com jornalistas, pessoas com cargos de direção em clubes, comentadores de televisão, claramente demonstrativo daquilo que eram os impulsos que moviam estas ações e grau de planeamento prévio, que foge ao que é uma mera reação de oportunidade ou estímulo”, sublinhou este oficial da polícia.
Os factos sob investigação reportam-se a “claramente mais de duas dezenas de vítimas” e o comissário não descartou a hipótese de virem a ocorrer mais detenções.
Todas as buscas foram realizadas na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira.
Os No Name Boys são um grupo organizado de adeptos com ligação ao Benfica, mas não reconhecido de forma oficial pelo clube da Luz, enquanto a Juventude Leonina é uma claque oficial do Sporting, à qual foi retirado o apoio, esta época, pela direção do clube de Alvalade.
Em maio, um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina foi agredido, na zona do Lumiar, por um grupo de mais de 30 indivíduos com camisolas dos No Name Boys.
Já este mês, após o empate 0-0 do Benfica com o Tondela, no Estádio da Luz, o autocarro que transportava dos jogadores ‘encarnados’ de volta ao centro de estágio, no Seixal, foi apedrejado na A2, causando ferimentos em Julian Weigl e Zivkovic.
Na mesma noite, as residências do treinador Bruno Lage e do capitão de equipa Pizzi foram vandalizadas com frases intimidatórias inscritas em spray nas paredes exteriores.
Ambos os atos terão sido cometidos, alegadamente, por elementos de uma fação radical dos No Name Boys.