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Aves decide falhar última jornada e pode perder os pontos todos no campeonato

17 jul, 2020 - 12:58 • Lusa

Objetivo de falhar a visita ao Portimonense é "salvaguardar a transparência na luta pela permanência", face às "rescisões quase diárias" que têm afetado o plantel. Castigo pode ser derrota e "subtração de todos os pontos até então obtidos".

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O despromovido Desportivo das Aves vai faltar ao jogo no terreno o Portimonense, da 34.ª e última jornada da I Liga, de forma a "salvaguardar a transparência na luta pela permanência". O castigo pode ser a perda de todos os pontos até agora conquistados.

"Face dos problemas que vêm afetando o CD Aves SAD, com rescisões quase diárias, outras iminentes e jogadores do plantel com vários meses de salários em atraso, que poderão conduzir a novos conflitos laborais, num contexto que vem obrigando a nossa equipa técnica a recorrer a jogadores sub-23 para formar o onze a cada jornada que passa, a administração concluiu que não estão reunidas as condições para salvaguardar a verdade desportiva e a transparência na luta pela permanência na I Liga na deslocação a Portimão", justificam os avenses, em comunicado enviado à Lusa esta sexta-feira.

A acionista da empresa que gere o futebol profissional do Desportivo das Aves, Estrela Costa, reforçou, esta sexta-feira, à Lusa que o clube não iria deslocar-se a Portimão, independentemente da decisão que a Liga de clubes adotasse relativamente à atribuição de pontos nesse jogo.

"Receando não reunir jogadores suficientes e, sobretudo, jogadores que garantam uma equipa competitiva contra o Portimonense, o CD Aves SAD, consciente das consequências que daí possam decorrer, vem pedir à Liga que os pontos do jogo com o Portimonense não sejam atribuídos, sob pena de ver afetada a verdade desportiva entre os clubes que lutam no fundo da tabela para evitar a descida de divisão", termina a nota.

Faltar a um dos três últimos jogos pode valer derrota e "subtração de todos os pontos até então obtidos"


O plantel orientado por Nuno Manta Santos prepara a receção ao Benfica, segundo classificado, na terça-feira, às 21h15, de encerramento da 33.ª e penúltima ronda, que assinalará o fim de um ciclo inédito de três épocas seguidas dos avenses na elite do futebol nacional, intercaladas com a conquista da Taça de Portugal, em 2017/18.

Cinco dias depois, o lanterna-vermelha da I Liga deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, e Tondela, 15.º. Estes três clubes estão envolvidos na luta pela permanência, que ainda engloba o Belenenses SAD (14.º, com 32 pontos) e o Paços de Ferreira (13.º, com 35).

De acordo com o artigo 16.º do Regulamento de Competições da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a "falta de comparência não justificada de um clube a jogo oficial de uma competição por pontos determina, nos termos previstos no Regulamento Disciplinar, a atribuição ao clube adversário dos três pontos correspondentes à vitória".

A ausência "em algum dos três últimos jogos de uma competição a disputar por pontos" determina, segundo o artigo 76.º do Regulamento Disciplinar da LPFP, a "sanção de derrota no jogo ao clube que não compareceu e subtração de todos os pontos até então obtidos", à qual se pode agregar uma coima de 250 a 500 unidades de conta (UC).

Rescisão de Buatu foi a última gota para o Aves


A decisão da SAD liderada pelo chinês Wei Zhao surge algumas horas depois de o defesa internacional angolano Jonathan Buatu, que estava cedido pelo Rio Ave desde janeiro, ter sido o sétimo atleta a justificar a desvinculação do Aves com sucessivos incumprimentos salariais, verificados desde dezembro de 2019.

O guarda-redes francês Quentin Beunardeau e o avançado brasileiro Welinton Júnior entregaram pedidos de rescisão em abril, em plena pausa competitiva motivada pela pandemia de covid-19. Os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e o avançado Kevin Yamga consumaram as respetivas saídas na semana passada.

A SAD do Desportivo das Aves foi absolvida, a 30 de junho, da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março. Porém, aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.

O assunto foi remetido da LPFP para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol a 9 de junho. Pode custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelos avenses, que confirmaram a despromoção à II Liga em 29 de junho.

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