04 ago, 2020 - 13:16 • Redação
O Desportivo das Aves falhou o recurso ao veto de inscrição nas competições profissionais da próxima época, confirmou Estrela Costa, acionista da empresa gestora da SAD avense, esta terça-feira. O presidente do Aves clube, António Freitas, não se mostra surpreendido com este desfecho, para o qual até já estava avisado.
“O tribunal ainda não viabilizou o Processo Especial de Revitalização (PER) solicitado em 24 de julho. A lei é clara: não podemos fazer a inscrição com um PER se não tivermos esse acordo homologado no Tribunal da Comarca de Santo Tirso. Como nada disso aconteceu, não valia a pena recorrer”, explicou Estrela Costa.
A administração da SAD do Aves tinha de apresentar a documentação junto dos serviços da Liga até às 23h59 horas de segunda-feira, mas, ao contrário do Vitória de Setúbal, dispensou a contestação junto do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Em entrevista a Bola Branca, o presidente do Aves clube revela que os seus advogados, que estavam a trabalhar com os advogados da SAD, já o tinham avisado da falta de condições para apresentar um recurso fundamentado. António Freitas teme, agora, que o Desportivo das Aves nem no Campeonato de Portugal possa competir, depois de mais um episódio negativo que, em todo o caso, já não o surpreende.
"Infelizmente não me surpreende. Não é por acaso que os meus advogados, que estavam a trabalhar em conjunto com os advogados da SAD, pura e simplesmente me avisaram que não tinham condições para trabalhar, já não se sentiam confortáveis. Agora, o que eu posso dizer é que isto me deixa assustado. Porque, mesmo para jogar no Campeonato de Portugal, que é organizado pela Federação Portuguesa de Futebol, também é preciso ter os pressupostos. Será que eles querem que o Aves vá para o distrital? Por amor de Deus! É preciso que os sócios do clube saibam que eu estou abandonado por eles, não falam comigo."
António Freitas pede que se investigue a SAD do Desportivo das Aves. Fala em processo obscuro de gente que provavelmente não volta à Vila das Aves.
"Sabe o que é que eu queria? Era conseguir mandá-los embora a todos. E começar do zero. Mas não tenho tempo para isso, para despejá-los. Têm que ser eles a dar saída, nos distritais ou onde for. Mas estou a pensar que eles já nem aparecem mais aqui no clube. Não sei o que é que eles estão a preparar. Há qualquer coisa muito obscura. Muito, muito, muito, muito, muito! Por isso é que eu tenho dito: investigue-se! Quem não deve não teme..."
A SAD do Desportivo das Aves, liderada pelo chinês Wei Zhao, acumula quatro meses de salários em atraso, responsáveis por 11 rescisões unilaterais de atletas na reta final da I Liga, no qual obteve a 18.ª e última posição, com 17 pontos, outros tantos abaixo da zona de salvação, consumando a descida à II Liga pela via desportiva, a par do Portimonense.
“Já estamos a preparar a próxima época. Vamos um bocadinho atrasados, até porque temos umas questões logísticas e financeiras pendentes da época anterior. Sabemos perfeitamente que é difícil, mas estamos a criar uma equipa sustentável”, apontou Estrela Costa, a acionista maioritária da empresa Galaxy Believers, que controla 90% do futebol avense.
Os nortenhos recrutaram dois reforços, “que a seu tempo serão apresentados”, e querem “aproveitar alguns jogadores sub-23”, desígnio que “provavelmente” inviabilizará a construção de uma equipa para defender os títulos da Liga e da Taça Revelação na temporada 2020/21, na qual pretendem manter a aposta no treinador Nuno Manta Santos.
“Tem contrato connosco [até junho de 2021] e irá connosco para o Campeonato de Portugal, a não ser que ele decida o contrário. Cheguei a falar com o empresário dele [Alexandre Pinto da Costa] e estamos devidamente articulados. O treinador não rescindiu e nós também não queremos rescindir. Tudo indica que seguirá connosco”, concluiu.
A LPFP convidou o Portimonense, 17.º e penúltimo colocado, a manter-se na I Liga e o Cova da Piedade e o Casa Pia a ficarem na II Liga, após terem sido despromovidos pela via administrativa, com o cancelamento daquele escalão devido à pandemia de covid-19.