06 mai, 2021 - 14:38 • Eduardo Soares da Silva
Martha Gens, presidente da Associação da Defesa do Adeptos, considera que a decisão de não abrir os estádio ao público está a ter como "efeito contraproducente" a concentração de centenas de adeptos no exterior dos estádios, ou nos hotéis onde as equipas ficam hospedadas.
"Se os estádios estivessem abertos, haveria um maior controlo, proporcional em relação à quantidade de adeptos, separados por cadeiras, com seguranças dos estádios atentos às condições de segurança e não haveria tanta concentração no exterior, onde é mais difícil controlar", diz, em entrevista à Renascença.
Martha Gens acrescenta que "era expectável", por força da decisão de não abrir os estádios, que acontecessem os ajuntamentos que se têm verificado. "Mais ainda no caso do Sporting, que não é campeão há 19 anos", refere a propósito das repetidas manifestações dos adeptos leoninos, como sucedeu na noite de quarta-feira em Alvalade.
Centenas de adeptos aguardaram pela chegada do autocarro com a equipa, depois da vitória em Vila do Conde.
A presidente da Associação de Defesa do Adepto sublinha que, "se as pessoas mantiverem o distanciamento e se utilizarem máscara não há problema em que haja livre manifestação para apoiar as equipas".
E, defende Martha Gens, é isso que tem acontecido, "as pessoas cumprem as normas da DGS".
"Está tudo a abrir e o futebol está a ser relegado para uma segunda linha"
"Acho que existe o mesmo risco sanitário do que nos restaurantes, onde as pessoas tiram a máscara para comer e têm mesas de pessoas que não pertencem à mesma família. Estas medidas só resultam por serem contraproducentes. Já foram feitos jogos piloto e não houve comportamento mau dos adeptos, isto são factos. O argumento do Governo não tem cabimento", conclui, nesta entrevista à Renascença.
A época termina dentro de duas semanas e já não há esperança que os adeptos voltem aos estádios ainda esta temporada. A presidente da Associação da Defesa do Adepto lamenta que o futebol continue a ser relegado para segundo plano.
"Esperança até ao fim da época não temos nenhuma. Está tudo a voltar a abrir, todos vão ao cinema e aos shoppings, cheios de pessoas. Pergunto qual é a diferença na curva pandémica entre centenas de pessoas à porta de uma loja de roupa e 10 mil adeptos num estádio? O futebol está a ser relegado para uma segunda linha e não se percebe que não se contemple o futebol como cultura, que deveria ser", remata.