27 abr, 2022 - 12:45 • Luís Aresta
Sporting e Santa Clara têm uma “base de entendimento” para a transferência de Hidemasa Morita para Alvalade no fim da época. A oficialização do acordo está apenas dependente de questões processuais e do sim definitivo da SAD do emblema açoriano, revela à Renascença o presidente do Clube Desportivo Santa Clara.
Ricardo Pacheco confia que o dossiê da transferência do médio japonês para o Sporting será concluído com sucesso.
“Sinceramente, acho que as coisas estão a seguir um bom rumo. Acredito que o Morita vai sair do Santa Clara, porque é o seu desejo, é um jogador com uma tremenda qualidade e com o sonho de atingir patamares que o Santa Clara ainda não atinge. O Sporting é o clube desejado pelo jogador. Temos uma base de entendimento e, no que acompanhei, houve sempre um comportamento muito correto da parte de outro grande clube que é o Sporting Clube de Portugal. Acredito que as coisas possam chegar a bom fim”, declara o presidente do Santa Clara.
Ricardo Pacheco esteve envolvido pessoalmente nas negociações com o Sporting e garante ter chegado a valores que salvaguardam os interesses da SAD do Santa Clara.
“Uma vez mais por algumas divergências na SAD, o clube foi mandatado para acompanhar o dossiê das negociações. Creio que os valores que conseguimos atingir foram substancialmente melhores do que aqueles que inicialmente estiveram em discussão, aliás, já o ouvi dos restantes membros do conselho de administração. Melhorámos imenso aquilo que era o nosso interesse, mas não é o clube que vai assinar. O dossiê está com a SAD, que por sua vez já o remeteu ao contencioso e assessorias do clube; serão eles que irão redigir e assinar o contrato”, esclarece.
O Santa Clara, de acordo com os valores apresentados pelos jornais desportivos, poderá encaixar uma verba a rondar os quatro milhões de euros. Morita será reforço do Sporting e compensará a provável transferência de João Palhinha.
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Se o Santa Clara (clube) detivesse a maioria do capital da SAD é bem possível que o negócio Morita já estivesse fechado com o Sporting, mas não é isso que acontece. O clube detém apenas 40% das ações e pouco mais pode fazer do que estabelecer um acordo e influenciar uma decisão que depende sempre do acionista maioritário.
Esta quarta-feira há assembleia-geral da SAD do Santa Clara, presidida pelo turco Ismail Uzun, e cujo capital social é detido maioritariamente por Glen Lau. O empresário de Singapura acusou recentemente a SAD liderada por Ismail Uzun de desvio de capitais, abrindo a porta a uma possível alteração nos órgãos societários.
O nome Ricardo Pacheco tem sido apontado à presidência da SAD açoriana. Nesta entrevista a Bola Branca, o advogado faz depender essa eventualidade da possibilidade de ter nome da sua total confiança na administração.
“Nunca viro as costas ao meu clube, não abandono o meu Santa Clara desde criança. Vai depender de muitas circunstâncias que, sinceramente, não sei se existirão neste momento, nomeadamente a possibilidade de escolher a minha própria equipa. Creio que a questão não se coloca neste momento, longe disso”, declara Ricardo Pacheco, que garante não ter planos em carteira para a próxima época.
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“Não tenho nada pensado sobre isso. Não sou candidato à SAD. Sou presidente do clube e na presidência do clube me quero manter. Se a SAD um dia entender que eu possa ajudar em alguma coisa, como tenho feito, eu não viro as costas ao clube, mas eu não dependo do mim. O Santa Clara tem um problema e, esse sim, é um problema grave: só possui 40% das ações da sociedade anónima desportiva e o Santa Clara não tem um poder de decisão; tem um poder de posição, mas não de decisão”, sublinha.
Ilhéus de forte têmpera, contra continentais pouco dados a longas viagens
O Santa Clara prepara-se para concluir a quarta época consecutiva na I Liga do futebol português. A três jornadas do fim do campeonato, o emblema da Ilha de São Miguel, nos Açores, ocupa o 8.º lugar da tabela classificativa. À partida não irá à Europa, como aconteceu na temporada passada, mas Ricardo Pacheco considera a época muito positiva, depois de tudo por que o plantel passou.
“Se calhar, o Santa Clara foi a equipa nacional com mais problemas, desde a Covid à substituição de presidentes no clube e na SAD, com vários treinadores e disputas internas e sempre rumando de 15 em 15 dias para o continente. Todos nós percebemos que não há muito carinho pelas ilhas. Vir aos Açores jogar sai muito caro. É mais fácil fazer 30 km de autocarro e chegar ao campo do adversário. Vir aos Açores são 1 800 Km e despesas caras, mas os açorianos e os madeirenses deslocam-se ao continente de 15 em 15 dias, pagando as mesmas despesas”, observa.
O presidente do Clube Desportivo Santa Clara conclui que “mesmo com todos este problemas temos feito uma época que fala por si, o que revela que, dentro do campo e fora do campo, temos um conjunto de homens com muito valor”.