21 dez, 2022 - 09:05 • Lusa com Carlos Dias
O futebol profissional contribuiu em 2021/22 com 617 de milhões de euros para o PIB português, um aumento de mais de 10% em comparação com o período transato, segundo a sexta edição do Anuário do Futebol Profissional Português, divulgada esta quarta-feira.
O relatório, elaborado pela EY (antiga Ernst&Young) em parceria com a Liga Portugal e que “retrata o impacto económico, cultural e social da indústria do futebol”, mostra que o setor representa 0,29% do PIB português, tendo ampliado a sua contribuição em 12,02%.
Em declarações a Bola Branca, Miguel Farinha, autor do estudo, destaca o crescimento: "São cerca de 116 milhões de impacto direto no PIB, de um total de volume de negócios na casa dos 917 milhões. É apenas impacto direto, não falamos de impactos induzidos. São só as receitas das SAD's dos clubes da I e II Ligas e da Liga Portugal".
“Este acréscimo é justificado pelo regresso do público aos estádios, que permitiu um aumento das receitas de bilheteira, e das participações das equipas portuguesas na Liga dos Campeões na época 2021/22”, lê-se no documento.
No total, as 34 sociedades desportivas, que compõem a I Liga e II Liga, registaram um volume de negócios de 917 milhões de euros. Em 2020/21, esse valor ficou nos 792 milhões de euros.
“Os dados apresentados mostram o potencial desta indústria, em crescendo natural se tivermos em conta um 2020/21 de portas fechadas e um 2021/22 a enfrentar, ainda, fortes constrangimentos devido à pandemia”, afirmou o presidente da Liga, Pedro Proença, em declarações divulgadas pelo organismo.
Miguel Farinha diz que o "futebol profissional tem cada vez mais peso na economia. Há um caminho de crescimento a fazer. Se pensarmos nas receitas, falamos de uma indústria que é exportadora. Falamos de montantes de vendas de jogadores e participações nas provas europeias. Há uma margem de crescimento nos direitos audiovisuais, associado ao processo de centralização, que vai decorrer até 2028/29. Acreditamos que vai aumentar as receitas com melhor distribuição".
Os salários ascenderam aos 319 milhões de euros, ocupando os jogadores o topo da tabela remuneratória, com um total agregado de 238 milhões de euros.
“A apresentação destes números mostra a importância do futebol no tecido económico nacional. Uma relevância que justifica um reconhecimento diferente para o futebol profissional enquanto fenómeno de massas”, defendeu Proença.
Ainda segundo o relatório, em 2021/22 passaram 2,4 milhões de pessoas pelos estádios da I Liga e apenas 307 mil nos jogos da II Liga.
A Liga Portugal fechou a época com o sétimo ano consecutivo de resultados positivos, desta vez com lucros de cerca de 1,2 milhões euros e com um receite recorde de 22 milhões de euros. 8,2 milhões de euros foram libertados para distribuir pelos clubes.
Mas como melhorar? Miguel Farinha diz que "o exemplo evidente é o mercado dos Esports. A indústria de entretenimento ligada aos videojogos é maior do que a música e cinema. Futebol tem peso nesta indústria, há progressão nesta área e clubes podem ainda ir buscar mais receitas".
As apostas online são um "mercado em crescimento constante" e apenas "uma parte muito pouco significativa vai para os clubes. Grande parte do montante fica na FPF".