28 fev, 2023 - 12:45 • José Barata
O videoárbitro é para continuar, mas tem de melhorar.
A opinião é de Luis Guilherme, antigo presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e da APAF, que em entrevista a Bola Branca diz que o caminho do sistema de videoárbitro é para se manter com algumas melhorias, desde que exista esse interesse.
"O VAR não vai voltar atrás, o que temos de fazer, se reconhecemos todos que é - e é -, uma ferramenta extremamente importante para ajudar a arbitragem na diminuição dos erros, o que nós temos de fazer é melhorar, não é voltar para trás", diz, antes de continuar.
"O caminho tem que ser por aí, não pode ser ao contrário, porque isso não adianta nada. As novas tecnologias permitem-nos fazer uma série de uma série de coisas. O que temos é que melhorar o que existe e é possível melhorar o que existe. Para isso é preciso que as pessoas queiram melhorar", afirma.
Uma das alterações que defende é acabar com a utilização de árbitros no ativo na função de VAR porque em causa está a classificação.
"Não faz qualquer sentido que os árbitros em atividade e que estão em classificação com os outros participem no mesmo jogo na função de VAR. Porque no subconsciente, que é natural num humano, pode deixar de ter as condições necessárias para um trabalho mais despreocupado", considera.
Arbitragem
Antigo árbitro assume que têm sido cometidos erros(...)
Luis Guilherme defende que as comunicações entre árbitro e videoárbitro deviam ser tornadas públicas: "É fundamental que a arbitragem se abra, que haja um processo de comunicação, que a arbitragem comunique. Continuo a não perceber porque o que o diálogo entre o árbitro e o VAR não seja domínio público, não seja transmitido de uma forma gradual, naturalmente a pouco e pouco".
"A arbitragem tem de começar a mostrar-se mais ao público em geral e, portanto, são um conjunto de fatores, que tem a ver com estrutura. Enquanto não mudarmos a estrutura da arbitragem, tal como ela está, vamos continuar sempre a discutir os casos dos jogos dos chamados clubes maiores", lamenta.
Nestas declarações a Bola Branca, Luis Guilherme critica o facto da arbitragem viver num mundo fechado e pouco claro: "Um dos grandes problemas da arbitragem portuguesa é o secretismo que continua a viver. Continuamos a viver num secretismo muito grande".
"Em 2003, 2004, pela primeira vez, pus árbitros a falar em conferência de imprensa, fui logo criticado na altura pelo seu Presidente da Federação, porque a FIFA não permite, mas é fundamental que a arbitragem fale, que a arbitragem explique as coisas. Enquanto a arbitragem não acabar com este secretismo, vamos continuar sempre a ser criticados e às vezes ser criticados de uma forma injusta, isto não vai a lado nenhum", conclui.