13 jun, 2023 - 19:17 • Redação
Os menores que foram, alegadamente, vítimas de tráfico de seres humanos numa academia de futebol de Riba d'Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão, passaram a noite em centros de acolhimento no norte do país e serão entregues às respetivas famílias nos seus países de origem, na América do Sul, na África e na Ásia, avança a RTP.
De acordo com a estação pública, são 114 os jovens resgatados da Bsports Academy pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que regressarão, agora, aos países de origem. Ação que se segue às buscas realizadas em casa do presidente da Assembleia-Geral (AG) da Liga de clubes, Mário Costa, por suspeitas de envolvimento do dirigente, já constituído arguido, em negócios à margem da lei com jovens jogadores de futebol oriundos do Extremo Oriente e da América do Sul.
Segundo o jornal "Expresso", os jovens pagam 500 euros por mês para estar em Portugal. Alguns assinam contratos com clubes pequenos da região, mas acabam por não receber dinheiro e ficam, simultaneamente, impedidos de sair do país, por não terem os passaportes com eles. Mário Costa estaria a tentar atrair investidores para este modelo de negócio.
Em comunicado à imprensa, o SEF confirmou a operação e as buscas no Grande Porto, mas não adiantou qualquer outro tipo de informação, indicando que "o processo se encontra em segredo de justiça".
Uma academia de futebol em Riba de Ave, concelho d(...)
Em nota enviada às redações, na terça-feira, Mário Costa afirmou confiar que será confirmado que não praticou “nenhum ilícito criminal”.
“Aguardo serenamente o desenrolar das investigações certo e confiante de que se apurará a verdade dos factos que revelará que nenhum ilícito criminal foi praticado”, sublinhou o presidente da AG da Liga.
Em nota no site oficial, a Liga Portugal mostrou-se "surpreendida pelas notícias", mas sublinhou que "os factos relatados em nada estão relacionados com o cargo exercido pelo Dr. Mário Costa" no organismo.
A Liga disse ainda estar a "acompanhar as diligências, aguardando por mais dados" e respeitando o princípio de presunção de inocência.
Ainda no domingo, em entrevista à Renascença e à agência Ecclesia, a presidente da Confederação Nacional de Ação sobre o Trabalho Infantil (CNASTI), Fátima Pinto, denunciava que "praticamente todos os principais clubes" deixam jovens futebolistas ao abandono.