17 out, 2023 - 12:45 • João Fonseca
O fim dos benefícios fiscais para jogadores de futebol vai tornar o campeonato português "menos atrativo".
O Governo vai acabar com o alívio de 50% da tributação nos rendimentos a quem regressa a Portugal nos casos de quem aufere mais de 250 mil euros anuais. Camilo Lourenço, comentador especializado em Economia, explica a medida.
"A medida aplicava-se a quem trabalhava em Portugal e entretanto foi para fora. O Governo quis aliciar o regresso dando uma borla fiscal. Imaginem que quem ganhava 600 mil euros, só seria tributado em 350 mil euros", explica, a Bola Branca.
A medida aplicou-se a vários jogadores nos últimos anos, como Pepe no FC Porto, Slimani no Sporting, Di María e Otamendi no Benfica, João Moutinho no Sporting de Braga, Javi García no Boavista e até Ricardo Quaresma no Vitória de Guimarães.
"Estamos a tentar trazer o talento para Portugal e quem ganha dinheiro. Precisamente por terem talento é que ganham dinheiro. Isto vai tornar menos atrativo e interessante o regresso dessas pessoas a Portugal", considera.
Nesse sentido, Camilo Lourenço acredita que menos jogadores de renome regressem a Portugal na fase final da carreira: "Já se ganha pouco em Portugal e outros países fazem esforços grandes para irem buscar este tipo de jogadores, como a Arábia Saudita. Porque haverão de regressar a Portugal? Não faz sentido. Ganham mais noutros sítios e agora aqui, com impostos mais altos, o mais certo é que não venham".
Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva e até Rúben Neves já afirmaram o desejo de regressar a Portugal ou foram associados a transferências a médio prazo. Esta mudança pode mudar os planos.
"Estamos a tornar o país menos atrativo para estas pessoas. Mas há profissionais que já ganharam tanto dinheiro que não se importam de fazer esse tipo de esforço", conclui.