02 nov, 2023 - 12:45 • Pedro Castro Alves , Luís Aresta (Renascença), Nuno Sousa (Público)
O Governo acredita que a dependência do futebol nos patrocínios de casas de apostas "merece uma reflexão profunda". O presidente da SAD do Desportivo de Chaves concorda e revela que um patrocinador ligado ao jogo paga cerca do dobro de outro tipo de patocinadores.
"As casas de apostas consegue pagar cerca do dobro de patrocinadores normais. O patrocínio da frente da camisola corresponde a cerca de dois a três por cento do nosso orçamento", revela Francisco José Carvalho a Bola Branca.
Em declarações ao programa "Hora da Verdade", da Renascença e do Público, o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Correia, reconhece a dependência dos clubes da I Liga neste tipo de patrocinadores.
"Itália e Espanha já puxaram o travão de mão, a Inglaterra já anunciou também essa intenção, alguns países estão a adoptar medidas dissuasoras. Sabemos que o peso da I Liga portuguesa naquilo que é a sua dependência em relação à publicidade das casas de apostas é de 72 por cento, não podemos fingir que isto não é um assunto que merece uma reflexão profunda", disse.
Hora da Verdade
Na primeira grande entrevista após a candidatura i(...)
No entanto, o governante garante que "não podemos decidir prejudicando fortemente um setor, mas tem de envolver outras áreas que não só o desporto."
"Temos de ter a certeza do impacto que possa vir a ter num setor da nossa actividade económica que gera milhares de postos de trabalho, paga contribuições para a Segurança Social e paga impostos. Não podemos perder de vista que é um setor que tem aí, no apoio de empresas privadas, uma grande fonte de receita", atira.
Francisco José Carvalho recomenda uma medida simples que compensaria um menor rendimento vindo de casas de apostas.
"Um dos principais problemas é o preço dos bilhetes. Pagamos 23 por cento de IVA, é a única atividade cultural que paga este valor, o resto paga seis. É uma diferença abismal e uma penalização penosa que nos retira cerca de seis a sete por cento da receita no fim de cada época. Se o governo conseguisse tomar esta medida, colmataria toda a situação das apostas", diz, antes de concluir.
"Acho que fazia mais sentido termos outro tipo de patrocinadores do que as apostas", termina o dirigente.