03 jan, 2024 - 18:31 • Lusa com Luís Aresta
O Braga vai propor aos seus sócios, em Assembleia Geral extraordinária a 3 de fevereiro, a eliminação nos estatutos do ponto que dita que o clube mantenha a maioria do capital social da sociedade desportiva.
No capítulo sobre a participação em sociedades anónimas desportivas (SAD), que se propõe nos novos estatutos a debater e aprovar nessa AG extraordinária alterar para “participação em sociedades e criação de fundações”, é eliminado o segundo ponto que dita que o clube mantenha, “direta ou indiretamente, a maioria do capital social e o número de votos correspondente a essa posição societária”.
O Braga detém 36,99% das ações, a Qatar Sports Investment (entidade cujo beneficiário efetivo é o estado do Catar e que é proprietária dos franceses do Paris Saint-Germain) possui 29,60% (entrou no capital social, no final de 2022, com 21,67 %), a Sundown Investments tem 17,04%, estando ainda 16,37% espalhados na categoria “outros” acionistas.
Em declarações à Renascença, o antigo dirigente António Duarte, é contra a proposta e classifica-a como "um pecado mortal".
"É tirada a responsabilização do Sporting de Braga, através de todos os meios possíveis, de obter a maioria do capital social da SAD, o que acontece em todos os grandes. Como se diz que Braga é a Roma portuguesa, já não é um pecado venial, é um pecado mortal o que se vem a assistir. Isto se os sócios aprovarem", diz.
A ser aprovada, a proposta legitima a situação existente, uma vez que o Sporting de Braga detém apenas 36,99% das ações da SAD. António Duarte, que esteve na génese da SAD, adverte para o que diz serem negócios pouco claros.
"O próprio Estádio Municipal - a Pedreira - fica em perigo, a cidade desportiva não é do Sporting de Braga - que nunca investiu um tostão - e isso é outro grande pecado. É um conjunto de negócios que começam a ficar cada vez mais escuros. Os sócios - e até o cidadão normal, o bracarense - tem de estar preparado para o que possa vir a acontecer", conclui.
Entre várias outras propostas, uma das mais significativas diz respeito à apresentação de candidaturas para eleições.
Se antes as listas de candidatos teriam que ser subscritas por um mínimo de cinquenta sócios, não contando os elementos que as integram, agora, caso esta proposta seja aceite, as listas de candidatos terão que ser subscritas por um mínimo de sócios há pelo menos 15 anos consecutivos (antes cinco) no pleno gozo dos seus direitos que, no conjunto, representem cinco mil votos, não contando os elementos que as integram.
Os novos estatutos preveem ainda alterações no emblema do clube: atualmente é o da cidade de Braga, vermelha a metade esquerda, branca a direita, com a denominação do clube por extenso - a proposta dos novos estatutos diz que o emblema do Sporting de Braga “corresponde à imagem representativa do clube, cabendo aos sócios a sua aprovação em Assembleia Geral”.
Também as Assembleias Gerais extraordinárias solicitadas pelos sócios passarão de 250 associados contribuintes ou com pelo menos mil votos para um requerimento de sócios com pelo menos cinco mil votos no pleno gozo dos seus direitos.
A AG extraordinária está marcada para 3 de fevereiro, a partir das 9h30, no Pavilhão Multiusos do Braga.