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Ginasta Agnes Keleti, a mais velha campeã olímpica viva, celebra 100 anos

09 jan, 2021 - 18:27 • Lusa

A atleta húngara sobreviveu ao Holocausto e conquistou dez medalhas olímpicas. Presidente do Comité Olímpico agradece poder "inspiracional" de Keleti.

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A ginasta húngara Agnes Keleti, a mais velha campeã olímpica viva e sobrevivente do Holocausto, celebra 100 anos, este sábado. Um centenário "que parecem só 60 anos", disse na véspera do aniversário.

Numa vida recheada de tragédia e sucesso, perseverança e aventura, Keleti disse ser "um exagero" a alcunha que lhe deram: "a rainha da ginástica", título também de um novo livro sobre a sua vida.

Antes de chegar aos cinco ouros olímpicos, e outras cinco medalhas (três pratas e dois bronzes), em Helsínquia1952 e Melbourne1956, a húngara, que nasceu Agnes Klein em 1921, viu a carreira interrompida pela II Guerra Mundial, que cancelou os Jogos de 1940 e 1944.

Os antepassados judeus afastaram-na da equipa que representava em 1941 e obrigaram-na a esconder-se no interior da Hungria, sobrevivendo ao Holocausto sob uma identidade falsa, assim como a mãe e a irmã, nestes casos graças à ajuda do diplomata sueco Raoul Wallenberg.

O pai morreu em Auschwitz, entre mais de meio milhão de judeus húngaros mortos em campos de concentração nazi.

Depois da Guerra, Keleti voltou a competir, mas uma lesão no tornozelo deixou-a de fora de Londres1948. Manteve, porém, a perseverança e estreou-se em Helsínquia1952, com 31 anos, idade incomum na ginástica.

Não a impediu de ganhar o primeiro ouro, uma prata e dois bronzes, a que somaria mais seis medalhas em Melbourne, o máximo desses Jogos, um pecúlio que a deixa como uma das maiores atletas olímpicas de sempre.

"Amo a vida. A essência é ter saúde. Sem isso, não há nada", simplificou, em declarações proferidas na véspera do centenário de nascimento.

O poder "inspiracional" de Keleti

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, telefonou a Keleti, transmitindo-lhe um agradecimento pelo poder "inspiracional" e deixando-lhe ainda uma convicção, partilhada por muitos no mundo do desporto.

"Como atleta, as 10 medalhas olímpicas, cinco de ouro, são verdadeiramente extraordinárias. Tenho a certeza que, se tivesse competido nos Jogos de Londres1948, teria ainda mais", atirou.

Antes do êxito, e da identidade falsa que lhe permitiu sobreviver ao Holocausto, Agnes tinha quatro anos quando começou a praticar o desporto no VAC Sports, o único clube judeu em Budapeste.

Foi campeã nacional pela primeira vez com 16 anos - viria a fazê-lo mais nove vezes, numa carreira que incluiu também vários títulos mundiais e nos Jogos da Europa Central.

A invasão pela União Soviética da Hungria acabou por deixá-la quase 60 anos de fora do seu próprio país, requerendo asilo político na Austrália, findos os Jogos de Melbourne, antes de emigrar para Israel, onde trabalhou com a equipa olímpica de ginástica até aos anos 1990.

Voltou a Budapeste em 2015, sendo celebrada tanto na Hungria como em Israel, que lhe atribuiu a mais alta distinção cultural do Estado em 2017, mantendo uma receita simples para 100 anos de vida.

"Vivo bem, é ótimo, continuo saudável. E amo a vida", resumiu.

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