12 jan, 2022 - 00:27 • Lusa
O judoca Jorge Fonseca e o atleta do triplo-salto Pedro Pichardo reconheceram, esta terça-feira, a honra pela condecoração feita pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mas pedem maior apoio para as modalidades.
“É uma honra e estou muito feliz por ter recebido este prémio e espero repetir daqui a uns anos. Significa muito, é o valor do meu trabalho, o reconhecimento do Presidente da República pelo país”, confessou Fonseca, medalha de bronze na categoria de -100kg nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Após receber a distinção de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique no Palácio de Belém, o judoca português deixou, contudo, algumas críticas à importância que se dá ao futebol em Portugal, pedindo maior atenção e visibilidade para as modalidades.
“Acho que Portugal para ter mais Jorges Fonsecas precisa de investir na modalidade, só investem e falam de futebol. Fiquei um bocado triste ao ver televisão no final do ano [2021] e só falavam de futebol. Os atletas olímpicos não foram reconhecidos pela televisão portuguesa. Acho que deviam dar mais valor às modalidades, que têm muito para crescer em Portugal, e só falamos em futebol. É um bocado triste”, lamentou.
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Jorge Fonseca acredita que “se o judo, o atletismo e outras modalidades forem mais valorizadas e tiverem mais destaque social, vamos ter mais Jorges, Patrícias [Mamona], Pichardos, e muitos atletas vão crescer.”
“Em Portugal só vivemos uma realidade: a do futebol. A mim deixa-me triste, mas é a nossa realidade e tive que aprender a viver com isso. É triste olhar para a televisão e só ver futebol e os medalhados olímpicos só serem reconhecidos durante cinco segundos. Por causa disso também não temos mais grandes atletas e podíamos ter muitos mais”, acrescentou.
Além de lamentar a falta de apoio às modalidades, o judoca revela ter objetivos bem definidos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e confessa já ter planeado os festejos na companhia do chefe de Estado.
“O objetivo agora é trabalhar para Paris, quero ser campeão olímpico nos Jogos Olímpicos de Paris. Em Tóquio não consegui realizar o meu objetivo, mas espero em Paris conseguir e dançar um pimba com o Presidente da República nesse momento histórico da minha vida”, avançou o novo Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique.
Tóquio 2020
José Manuel Constantino diz que o Presidente da Re(...)
Tal como Fonseca, o campeão olímpico do triplo-salto em Tóquio, Pedro Pablo Pichardo, não escondeu o orgulho por ter recebido hoje a Grã-Cruz da Ordem do Mérito e defendeu igualmente “mais apoio às modalidades e não só ao futebol.”
“Tem um significado muito importante. A nível pessoal, estou muito orgulhoso por ser distinguido pelo Presidente da República e acho que para a modalidade também é muito importante para continuarmos a trabalhar para elevar o nosso nível”, afirmou, frisando ser “sempre bom e gratificante ser reconhecido, ainda mais quando é pelo senhor Presidente da República.”
Para Paris, embora o ciclo olímpico seja mais reduzido (três anos), Pichardo sublinha estar “confiante no trabalho” desenvolvido e não ver nenhum problema na preparação.
“Na nossa vida não temos que colocar pressão, só temos que estar focados e trabalhar. Agora estamos a trabalhar para os Mundiais, de pista coberta e ao ar livre, para estar saudável e tentar atingir o melhor dos resultados”, concluiu.
O atleta paralímpico Norberto Mourão, por sua vez, defendeu que a atribuição do grau de Comendador da Ordem do Mérito é “algo extraordinário.”
“É um momento alto, em que viemos ter com o nosso Presidente para sermos condecorados por uma pessoa que nos deu tanto apoio, desde início, e fez questão de estar connosco antes de irmos para Tóquio. Para nós é um orgulho estar aqui presente e ser condecorado”, afirmou Mourão, medalha de bronze nos 200 metros VL2 da canoagem em Tóquio.