28 jul, 2022 - 13:30 • José Barata
Cândido Barbosa sai em defesa do diretor da Volta a Portugal e encontra atenuantes para a forma como Joaquim Gomes, dias antes de conhecida a suspensão da W52-FC Porto pela União Ciclista Internacional (UCI), defendeu que a equipa azul e branca era “fundamental” no pelotão.
Em declarações a Bola Branca, Cândido Barbosa, antigo vencedor de 25 etapas na Volta a Portugal, diz compreender a posição de Joaquim Gomes, que se atravessou pela presença da W52-Porto na Volta.
"Eu compreendo a posição de Joaquim Gomes enquanto diretor da Volta a Portugal. Compreendo perfeitamente que Joaquim Gomes gostaria de ter todas as equipas que estavam inscritas, e que não tivéssemos notícias desta a pouco tempo de começar a Volta a Portugal. Compreendo a sua opinião na íntegra. Se estivesse no lugar dele, provavelmente faria o mesmo. A Volta a Portugal com a W52-FC Porto na prova teria outro impacto, porque é uma equipa de referência e que tem os seus adeptos que, com certeza, não irão para a estrada. E quem vai ficar a perder com tudo isto é a organização e os seus patrocinadores", considera.
Joaquim Gomes mantém-se em silêncio perante a imprensa desde que, na quarta-feira, foi conhecida a decisão da UCI de retirar a licença à equipa continental da W52-FC Porto, face ao processo levado a cabo pela Autoridade Antidopagem de Portugal (AdoP), que conduziu à suspensão, por doping, de oito corredores e dois elementos do staff técnico.
Ciclismo
Em comunicado, a equipa confirma presença na Volta(...)
Para Cândido Barbosa, a AdoP e a UCI estão a fazer o que lhes compete. O antigo corredor só lamenta que ciclistas não dopados acabem por, indiretamente, ser vítimas do episódio na W52-FC Porto. E não é como portista que manifesta esta posição, sublinha à Renascença.
"Mesmo sendo portista, é uma situação que não me preocupa. O que me preocupa são os corredores que poderiam participar na Volta e não vão estar. A maioria deles não terão culpa do que está a acontecer, mas estão envolvidos numa situação que infelizmente já não é a primeira em Portugal", lamenta o duas vezes vice-campeão da Volta.
Cândido Barbosa reconhece, ainda, que esta é uma situação que prejudica a imagem do ciclista e deixa um aviso ao jovens corredores:
"Este é um episódio do ciclismo que não é agradável, e que infelizmente terá consequências bastante negativas para a modalidade. O ciclismo não é isto, o ciclismo é uma modalidade de grande esforço e de grande carisma, a ambição das pessoas é que às vezes pode levar a cometer alguns desajustes. São coisas que não devem acontecer, e isto deve ser um bom exemplo para todos os jovens que estão a começar a carreira, de que o caminho mais fácil, por vezes se torna o caminho mais longo."
A maior prova velocipédica do calendário nacional não terá a W52-FC Porto, vencedora maioritária das últimas edições, devido a suspensão da UCI, após investigação por doping levada a cabo pela AdoP.
A Volta a Portugal em bicicleta realiza-se entre 4 e 15 de agosto.