14 mar, 2023 - 16:27 • Pedro Castro Alves , Inês Braga Sampaio , Eduardo Soares da Silva com Redação
Telma Monteiro acusou, esta terça-feira, Jorge Fernandes de continuar a tirar proveito do cargo de presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ), três meses depois de ter sido destituído.
Em audição na comissão parlamentar de cultura, comunicação, juventude e desporto, Telma Monteiro, uma dos sete judocas portugueses que assinaram uma carta aberta contra o presidente cessante da FPJ, referiu que os atletas continuam a ser prejudicados e que "as represálias vão continuar a existir, como existem para outros atletas".
"Sabemos que continua a usar recursos da Federação, a estar presente nas competições e a mandar nos funcionários da Federação", relatou a judoca, de 37 anos, na audição solicitada pelo Bloco de Esquerda.
Jorge Fernandes continua a ter acesso a competições na condição de treinador do Judo Clube de Coimbra. Telma Monteiro não vê "nenhum plano de ação que vá melhorar" a situação atual e sublinhou que presidente destituído da FPJ "não tem condições éticas e morais para voltar a ser presidente ou exercer qualquer outro cargo".
Na carta aberta assinada no verão, sete judocas acusaram Jorge Fernandes de opressão, discriminação e ameaças, além de fomentar um clima tóxico na Federação. Tudo teria começado numa reunião em que o presidente cessante garantiu que iria processar alguns atletas.
Nessa reunião, lembrou Telma Monteiro, os judocas luso-brasileiros "foram acusados de serem ingratos por virem do Brasil".
"O presidente disse-lhes que muito se espantava que esses atletas tivessem assinado a carta, porque vinham do Brasil e, lá, nem direito a uma Coca-cola tinham", contou a judoca, que foi bronze no Rio 2016.
Telma Monteiro recordou que os judocas foram "proibidos de ir a estágios internacionais" e chegaram "a ir às escondidas e a pagar" do próprio bolso. Para a experiente judoca, o investimento que é feito na Federação "é suficiente" para ser feita uma boa preparação para os Jogos Olímpicos, porém, "quem lá está gere os recursos financeiros de forma negligente":
"Não me admira que, daqui a uns meses, venham dizer novamente que não temos recursos para fazer preparação. Tudo isto afeta a nossa preparação mental, porque não conseguimos focar-nos só na profissão."
Jorge Fernandes também foi ouvido na comissão, esta terça-feira.