09 ago, 2023 - 10:49 • André Rodrigues
A Volta a Portugal precisa de uma "lufada de ar fresco" para aumentar o retorno económico, diz à Renascença Daniel Sá, professor do IPAM - Escola de Marketing.
No dia em que a prova rainha do ciclismo nacional arranca para a estrada, este especialista em Marketing Desportivo constata uma progressiva "perda de valorização" de um dos mais relevantes eventos desportivos do verão, mas que tem perdido ao não inovar na concorrência com outros acontecimentos em formato semelhante.
"A Volta a Portugal acabou, de alguma forma, por perder alguma valorização, pela enorme concorrência de outras atividades desportivas e de outros formatos de entretenimento; por outro lado, houve uma classificação das principais voltas de ciclismo, o que fez com que a Volta a Portugal tivesse ficado a mais curta, logo com menos espetáculos, menos visibilidade, menos espectadores", diz Daniel Sá.
Na comparação, por exemplo, com a Volta a França - que é a referência mundial das provas de ciclismo - "ela continua a bater recordes em termos de espetacularidade, atenção mediática e retorno".
Assim sendo, o que tem de mudar na Volta a Portugal para que volte a ter a relevância que já chegou a ter no passado?
Daniel Sá diz não ser necessário alterar o formato da prova, mas a forma como ela se comunica.
O espanhol Guillermo García é o primeiro ciclista (...)
E regressa ao bom exemplo da Volta a França, que, "nos últimos anos, tem gerado um conjunto de histórias à volta de uma prova que é mítica. Esse número de histórias faz com que se vão buscar novos públicos, pessoas que não estão apenas focadas naquela lógica de ‘etapa a etapa’ o que, consequentemente, gera mais espectadores e mais patrocinadores também".
Daí o conselho à organização da Volta portuguesa: "Esqueçamos que isto é uma prova de ciclismo; isto é um espetáculo de entretenimento que concorre com festivais de música, com todas as festas populares, com as feiras medievais".
Por isso, Daniel Sá sugere que a prova rainha do ciclismo nacional não fique "presa ao formato tradicional, do circo da chegada dos ciclistas, da cerimónia da camisola amarela".
A Volta "precisa de uma fórmula mais criativa, precisa de indivíduos de comunicação, pessoas de marketing, pessoas de vendas que consigam gerar narrativas, histórias para as redes sociais".
"Indo à base, a Volta a Portugal em bicicleta é um evento extraordinário que tem todos os ingredientes para ser uma prova que agrada a todos os públicos, que não apenas os adeptos do ciclismo", remata o especialista.