Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Jogos Olímpicos

A olímpica ​Paris também é a república do protesto: "Este é um local importante para o povo francês"

23 jul, 2024 - 12:00 • Rui Viegas, em Paris

Tingidos com as cores das bandeiras de parte das nações que vieram este verão a Paris, os manifestantes pelos direitos dos animais recorrem à visibilidade e à proximidade dos Jogos para engordar a causa.

A+ / A-
Protesto PETA Paris Jogos Olímpicos Rui Viegas
Oiça a reportagem de Rui Viegas em Paris

Clothilde Tierce estava sem roupa, apenas carne. No corpo levava as cores da bandeira dos Estados Unidos e a fervilhar na garganta as dores dos animais que sofrem às mãos dos homens e da indústria têxtil. Na cercania desfilavam transeuntes, mais ou menos atentos àquela forma de intervenção. O corpo também pode gritar.

O protesto da PETA França [People for the ethical treatment of animals] saiu à rua na capital francesa para lembrar que “os animais não são nossos para serem usados [ou vestidos]”. Afinal, os Jogos Olímpicos, que arrancam no dia 26, são “o lugar perfeito” para dar voz a outros tipos de dignidade, pois o desporto deve misturar a solidariedade e a paz.

O centro da capital francesa é habitualmente utilizado para protestos e manifestações. Com a visibilidade dos Jogos Olímpicos, a Praça da República tornou-se num local incontornável para quem tem algo a dizer ao mundo. Recentemente, a vitória da esquerda nas legislativas e a consequente derrota da extrema-direita gaulesa levou milhares àquela zona de Paris e originou mesmo graves distúrbios. A polícia está sempre presente.

Assim nomeada em homenagem à Terceira República Francesa, a praça com o mesmo nome é hoje o palco principal do protesto no centro de Paris. Seja contra a extrema-direita, como nas recentes legislativas, seja por causas como a da PETA que faz Laura, filha de pais portugueses, sair à rua pintada com as cores nacionais e ao lado de outros amigos dos animais.

“É um local importante para o povo francês, onde todas as manifestações acontecem, para o que seja, e hoje é pelos direitos dos animais”, explica Laura à Renascença, a propósito da sua luta contra o uso da pele e da lã animal.

Tingidos com as cores das bandeiras de parte das nações que vieram este verão a Paris, é a visibilidade dos Jogos à escala global que procuram aproveitar.

“Estão aqui representados muitos países unidos contra a cruelidade com animais”, reforça a luso-francesa, que tal como os restantes grita palavras de ordem, tem no corpo a tinta e no ar um cartaz.

Em redor, a polícia nacional está sempre presente. Pouco depois identifica as ativistas antes de as mandar dispersar.

Também é isto o peso mediático das olimpíadas, que Laura vai ver pela televisão. Mas a mensagem, essa, já ficou na rua.

No seu site, a PETA revela que, por ano, mais de mil milhões de animais vivem em condições infernais e miseráveis para depois da engorda e do aprimorar das peles e penas serem degolados nos matadouros. Muitos deles são depenados vivos antes de serem mortos, alerta aquela organização, que aproveitou para denunciar que um dos patrocinadores olímpicos é a luxuosa LVMH, que coloca no seu portefólio a pele de animais selvagens.

Um "vídeo provocador", como lhe chama a PETA, foi ainda projetado em locais notáveis da cidade francesa, nomeadamente na Torre Eiffel e na Praça Vendôme durante um desfile da Vogue com o tema dos Jogos Olímpicos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+