11 ago, 2024 - 10:40 • Eduardo Soares da Silva
Há 24 anos, na cerimónia de arranque dos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, a Coreia do Norte e do Sul colocaram de lado as divergências políticas e marcharam juntas, unidas sob uma só bandeira.
As duas comitivas marcharam na cerimónia com um porta-estandarte de cada país: a basquetebolista sul-coreana Chung Eun-sun e o treinador de judo norte-coreano Pak Jung Chul. Ambos seguraram na mesma bandeira: branca, com o desenho das Coreias unidas.
"Foi um bom sinal de unidade para o mundo", disse Eun-sun.
Até aos dias de hoje, a Coreia do Norte e do Sul dividem uma das fronteiras mais militarizadas do mundo. A península ficou dividida após a Segunda Guerra Mundial durante a Guerra Fria, com o Norte ocupado pela Rússia e o Sul pelos Estados Unidos.
As duas partes travaram uma guerra sangrenta durante a década de 50 e as consequências duram até hoje. Nunca assinaram um tratado de paz e os momentos de tensão a prolongam-se até aos dias de hoje.
"Fiquei muito emocionado, espero que este ambiente continue", assumiu, na altura, o chefe da missão norte-coreano.
Apesar do ponto de partida mútuo na cerimónia inaugural, os dois países competiram separadamente. A Coreia do Norte amealhou uma prata e três bronzes, enquanto a Coreia do Sul foi um dos países mais bem sucedidos da competição: oito ouros, dez pratas e dez bronzes.
O momento inspirou a possibilidade de, nos Jogos que seguiam, as duas Coreias se juntarem na mesma delegação. Isso nunca aconteceu.
Em 2004, em Atenas, as duas comitivas voltaram a caminhar juntas na cerimónia e tudo parecia encaminhado para que, em 2008, em Pequim, os dois países se unissem finalmente no desporto, uma tendência que transbordava também da política com sinais de aproximação.
"Temos discutido a possibilidade de fazer apenas uma equipa, dado que já marchámos juntos em seis eventos internacionais", disse, em 2005, porta-voz do Comité Olímpico da Coreia do Sul.
O acordo nunca chegou a ser assinado porque os comités não chegaram a um consenso.
O ponto de rutura aconteceu na discussão sobre o critério de seleção dos atletas: a Coreia do Sul defendia a meritocracia dos recordes, enquanto a Coreia do Norte apenas aceitava o acordo se a comitiva fosse representada por metade de atletas de cada país.
As Coreias nunca se juntaram, mas um momento nos Jogos Olímpicos de Paris fez renascer a discussão: atletas da China, Coreia do Sul e Coreia do Norte partilharam o pódio na modalidade de ténis de mesa de pares mistos e juntaram-se para uma "selfie" de celebração.