02 ago, 2024 - 16:49 • Carlos Calaveiras
A boxer italiana Angela Carini, que esta quinta-feira abandonou o combate contra a argelina Imane Khelif, pediu desculpa à sua adversária.
Ao jornal “Gazzetta dello Sport”, Angela Carini diz: “Toda esta controvérsia entristece-me. Lamento pela minha adversária. Se o COI diz que ela pode combater, respeito a decisão”.
De recordar que Carini retirou-se do combate contra Imane Khelif poucos segundos depois de este ter tido início.
Carini, de 25 anos, recebeu o primeiro golpe de Imane Khelif, atleta intersexo, e terá partido o nariz. Os juízes acabaram por dar por terminado o combate aos 46 segundos.
A argelina Khelif foi declarada vencedora e a pugilista italiana ajoelhou-se no ringue, chorando. Balbuciava: “Não é justo” e não cumprimentou a adversária.
Em 2023, na India, a pugilista argelina Imane Khelif e a pugilista Lin Yu-ting, de Taiwan, foram excluídas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) das finais da taça do mundo de boxe por terem chumbado num "teste de elegibilidade de género", que não foi especificado.
A Associação afirmou que as lutadoras “não cumpriram os critérios de elegibilidade para participação na competição feminina, conforme estabelecido e estabelecido no regulamento da IBA”.
Na sequência da polémica nos Jogos Olímpicos, o Comité Olímpico Internacional (COI) esclareceu que o nível de testosterona de Khelif está dentro dos parâmetros de uma mulher e que a argelina podia competir.
"Todos os atletas que participam no torneio de boxe dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 cumprem os regulamentos de elegibilidade e de participação na competição, bem como todos os regulamentos médicos aplicáveis e definidos pela Unidade de Boxe de Paris 2024. Tal como em anteriores competições olímpicas de boxe, o género e a idade dos atletas são baseados no seu passaporte", afirma o COI, em comunicado.
O COI veio defender a participação da pugilista argelina e de Lin Yu-ting, de Taiwan, e contesta a posição da IBA.
“Vimos em notícias informações enganosas sobre duas atletas femininas a competir nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. As duas atletas competem há muitos anos em competições internacionais de boxe na categoria feminina, incluindo os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, campeonatos da Associação Internacional de Boxe (IBA), Campeonatos Mundiais e torneios sancionados pela IBA”, sublinha o Comité Olímpico.
Para o COI, as duas atletas foram vítimas de uma "decisão arbitrária da IBA" quando foram desqualificadas nos campeonatos de 2023.
Em entrevista concedida esta semana à BBC, o diretor-executivo da IBA, Chris Roberts, garante que foram encontrados cromossomas masculinos (XY) no caso das pugilistas argelina e de Taiwan.
No entanto, em conferência de imprensa, o presidente da IBA, Umar Kremlev, lançou a confusão parecendo sugerir que os testes serviram para determinar os níveis de testosterona das pugilistas.
O comentário contrariou um comunicado oficial da própria IBA, no qual declara que "as atletas não realizaram testes de testosterona".
Até ao momento, a IBA não apresentou qualquer documento que prove as alegações dos seus dirigentes.[Notícia alterada às 22h55 de 10 de agosto de 2024 para melhor compreensão da diferença de posições entre o COI e a IBA e para esclarecer que não foram apresentadas provas que confirmem a alegação de dirigentes da Associação Internacional de Boxe, de que Imane tinha um cromossoma masculino no seu ADN. A indicação foi feita à agência noticiosa russa TASS pelo líder da IBA e pelo diretor-executivo da IBA à BBC. Enquanto isso, a Associação Internacional de Boxe negou em comunicado ter realizado testes de medição de testosterona, mas em conferência de imprensa o presidente daquele organismo contrariou o próprio comunicado da IBA. Após o afastamento das pugilistas das finais da taça do mundo de boxe, em 2023, a IBA não revelou os motivos. Referiu apenas que as atletas “não cumpriram os critérios de elegibilidade para participação na competição feminina, conforme estabelecido e estabelecido no regulamento da IBA”. Não há de momento quaisquer evidências de que Khelif tenha cromossomas XY]