15 ago, 2024 - 11:10 • Pedro Castro Alves
À décima oitava grande Volta da carreira, Rui Costa cumpre o sonho de correr uma das maiores competições do mundo em Portugal.
É um momento histórico e há muito esperado para o ciclista de 37 anos. “É muito especial, são ‘N’ grandes voltas ao longo da minha carreira”, começa por dizer a Bola Branca, na véspera da prova começar. Que uma grande volta inicie no nosso país não foi indiferente a este antigo campeão do mundo, que até já ganhou uma etapa da Vuelta.
“Foi sempre o motivo de querer estar presente, de querer estar perto de toda a multidão que me costuma apoiar. Vai ser especial. Sem dúvida que sim”, garante.
A dois dias do contrarrelógio inicial entre Lisboa e Oeiras, o corredor da EF Education explica que não será fácil os portugueses mostrarem-se neste arranque.
Ciclismo
A Volta a Espanha, a última grande prova do ano, p(...)
“As etapas em Portugal são duras, não muito duras”, reflete. “Era mais certo que, se houvesse etapas com grau de dificuldade maior, fosse mais fácil para aparecerem. Devido à falta dessa dureza, acredito que estas etapas sejam mais traçadas para os sprinters. Se aparecer uma oportunidade, gostava de aproveitar e estar num dia bom para fazer um excelente resultado”, confessa.
Em pouco mais de dois meses, Rui Costa correu a Volta a Suíça, os campeonatos nacionais, a Volta a França, os Jogos Olímpicos e segue-se agora a Volta a Espanha. A vontade de estar em Portugal obrigou-o a apertar o calendário, mas o corpo já acusa o desgaste, assume à Renascença.
“Talvez seja mais fácil começar mais preso e ir desbloqueando ao longo das semanas. É importante entrar fresco para poder ir para mais e não para menos.”
No pelotão da Vuelta, Rui Costa conta com a companhia lusa de João Almeida da Emirates e Nelson Oliveira da Movistar. Rivalidade é algo que não existe fora da estrada e há muito que a partida de Lisboa é tema de conversa entre os portugueses.
“É uma relação boa e saudável, de amigos, é óbvio que quando falava da saída da Volta a Espanha o principal era estar presente, é um sonho. Uma grande volta a sair do nosso país, como não estaria presente? É um motivo de orgulho para todos nós.” Rui Costa parte para esta volta com a tarefa de apoiar o líder da equipa o equatoriano Richard Carapaz.
Com as medalhas olímpicas de Iuri Leitão e Rui Oliveira, em Paris, o ciclismo português está nas bocas do mundo. Por cá, idem. Rui Costa pede que se aproveite o momento.
“O ciclismo portugues tem tudo para crescer, tem sido um ano espectacular. Não foi só este ano, o ano anterior também. Às vezes, é preciso um clique como aconteceu em Paris para as entidades abrirem os olhos e trazerem mais verbas, que a federação não deixe isto ir abaixo e continue a lutar”, apela.
E conclui: “O ciclismo tem sempre muito para dar. Realmente, houve uns anos que estava em baixo, mas as coisas têm mudado. Está melhor do melhor que nunca.”
A Vuelta parte de Lisboa, no sábado, e terá três etapas em Portugal, com passagens em Oeiras, Cascais, Ourém, Lousã e Castelo Branco. A última grande Volta do ano termina em Madrid no dia 8 de setembro.