16 set, 2024 - 14:10 • Luís Aresta
Candidato a campeão. Não há outra forma de encarar a presença de Portugal no Mundial de hóquei em patins, que esta segunda-feira arranca em Novara, Itália. O antigo internacional Gonçalo Suíssas antevê uma seleção nacional determinada a igualar a Espanha em número de títulos mundiais.
“Portugal é sempre um dos grandes candidatos e este Mundial não vai fugir à regra. A seleção que agora venceu a Golden Cup está preparada e vai, certamente, encarar o Mundial de Novara com toda a ambição do mundo e trazer o título para Portugal” diz, numa entrevista a Bola Branca.
Em Novara, Portugal tenta igualar os 17 títulos de Espanha, a seleção mais titulada de mundo. Os espanhóis venceram seis das últimas 10 edições,
A seleção nacional integra o Grupo A, juntamente com Estados Unidos, Angola e Argentina. Gonçalo Suíssas adverte para o perigo angolano, mas aponta os argentinos como principais rivais nesta primeira fase do torneio. Um mal que pode vir por bem, considera.
“A Argentina tem muito poderio. Portugal tem sempre muitas dificuldades em jogar contra a Argentina, mas Angola também tem uma seleção muito perigosa e que, normalmente, causa muitas dificuldades a Portugal. Estamos a falar de uma fase de grupos que não é decisiva, mas pode ser importante mais à frente. Como é lógico, a Argentina torna-se aqui o principal adversário neste grupo, mas acho que até é bom apanharmos os argentinos para, se algo correr mal, se poder corrigir mais à frente, havendo essa margem de erro”, declara o antigo hoquista de 38 anos de idade.
O atual selecionador nacional, Paulo Freitas, tem 56 anos de idade. Está no cargo apenas desde dezembro de 2023. Daí para cá, perdeu a Taça das Nações (derrota por 5-3 na final com a Argentina) e venceu a Golden Cup, torneio de preparação em que Portugal bateu na final a seleção da Catalunha (5-3). Suíssas olha para os primeiros meses de trabalho de Paulo Freitas e só tem elogios para o nome eleito por Luís Sénica, presidente da Federação Portuguesa de Patinagem e Hóquei em Patins.
Paulo Freitas
Evento vai decorrer na próxima semana em Itália.
“O balanço é extremamente positivo. O Paulo já mostrou que é um excelente treinador. Passou pelo Sporting com um balanço muito positivo, o mesmo em Barcelos. Está a iniciar um caminho na seleção que, acho, irá correr muito bem", analisa.
E continua: O Paulo cria um espírito de grupo em todas as equipas e isso, na seleção, é fundamental, porque não há muitos dias para fazer trabalho de conjunto. Acho que é um treinador que está no lugar certo e pode criar esse espírito. Num Mundial é tudo muito rápido, tudo a correr e quando os jogadores dão por ela já estão nas meias-finais ou na final. Se tiverem um espírito guerreiro, um espírito de grupo, isso fará a diferença nos momentos adversos. Nesse aspeto, Portugal está muito bem servido com o seu timoneiro e líder Paulo Freitas. Este Mundial é um teste para ele e acho que vai correr bem”.
Não será por falta de conhecimento individual dos adversários que os nossos hoquistas se darão mal com a Argentina. Dos 12 convocados pelo selecionador da Argentina, nove jogam em equipas portuguesas: Tino Acevedo e Danilo Rampulla no Óquei Barcelos, Lucas Martinez e Facundo Navarro na Oliveirense, Lucas Ordoñez no Benfica, Ezequiel Mena no FC Porto e Matias Platero, Gonzalo Romero e Facundo Bridge no Sporting.
“Isso diz muito do hóquei português, porque é atrativo tanto ao nível desportivo, como económico. Se esses jogadores estão cá, é porque financeiramente lhes compensa e o nível desportivo é o mais alto possível. Acho que, neste momento, sem margem para dúvidas o campeonato português é o melhor do mundo, fruto também da vinda destes jogadores de alta categoria e que estão melhores equipas portuguesas”, considera Gonçalo Suíssas, embora admita a necessidade de olhar para a outra face da moeda.
Menos sorte teve a seleção feminina que perdeu no (...)
“Por um lado, enquanto portugueses podemos estar um pouco preocupados porque não há tanto espaço para os nossos jovens, com grande categoria e que um dia vão merecer essa oportunidade nas grandes equipas, mas, por outro lado, também se percebe porque estes hoquistas também têm muita classe, apesar de serem argentinos. Eles enriquecem bastante o nível do nosso campeonato”, sublinha.
Gonçalo Suíssas arrumou o stique há dois anos, como jogador do Oeiras. O início da carreira aconteceu em 1995 no Maristas de Carcavelos, evoluindo para CD Paço de Arcos, FC Porto, Candelária, Oliveirense, Valongo, HC Braga, Juventude de Viana. Depois e finalmente, o Oeiras.
O primeiro passo como treinador foi na equipa de hóquei em patins de sub-15 do Benfica. Neste momento é treinador da equipa sénior do HC Sintra, que milita na 2ª Divisão, zona Sul.
“É um projeto desafiante e ambicioso, com gente bastante jovem, que vem dos escalões de formação do clube e que tem uma vontade e uma ambição muito grande de querer vencer” esclarece.
O ex-hoquista explica que “fruto dessa competitividade que existe no campeonato da 1ª divisão – o melhor do mundo – há muitos bons jogadores que, obrigatoriamente, caem para a 2.ª divisão e há miúdos portugueses com muita qualidade que, devido à presença dos estrangeiros, perdem espaço na 1.ª divisão e vão rodando neste escalão. Até digo muitas vezes que a nossa 2.ª divisão também é a 2.ª melhor divisão do mundo” remata.