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Uma liga de atletismo como a Fórmula 1? Mo Farah veio a Lisboa anunciar uma revolução

14 nov, 2024 - 14:50 • Hugo Tavares da Silva

O multicampeão olímpico fartou-se da reforma e agora quer que os atletas sintam a emoção que existe no futebol e na F1. "Correr tem de ser sexy outra vez!”, diz Muenster, o ideólogo da Global Running League.

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Parem as máquinas! Mo Farah confessou que naqueles 5.000 metros nos Mundiais de Pequim, em 2015, o tal copo de água que bebeu durante a corrida foi para entrar na cabeça dos rivais. “Quanto mais cedo o fizer, mais confiante fico para o fim da corrida. Faz parte do jogo.”

O quatro vezes campeão olímpico cansou-se da reforma e veio a Lisboa, à Web Summit, para dar conta de uma revolução no atletismo. A pistola vai disparar em 2025, provavelmente no Qatar, e vai assemelhar-se a Fórmula 1.

Expliquemos passo a passo o que Marcel Muenster, o CEO e fundador da Global Running League, e Mo Farah vieram revelar. A ideia passa por as corridas acontecerem exatamente onde se desenrolam os GP de Fórmula 1. Haverá 10 equipas profissionais no circuito, composta por 10 a 15 atletas de topo.

As corridas, quatro ao longo de dois dias, serão distâncias curtas, entre cinco e 15 quilómetros. Em cada uma dessas corridas haverá atletas de topo. “Seria uma loucura, Mo, estares numa corrida de 10 quilómetros e teres de ultrapassar 15 mil pessoas”, comenta o moderador, Nicholas Thompson, o CEO da “The Atlantic”. Mo Farah gargalhou.

“Comecei a correr com 12. Agora estou retirado, é importante para mim dar algo de volta”, explica Farah, de 41 anos. Um dos objetivos deste novo projeto é convencer as pessoas a aderirem a um estilo de vida mais saudável. No fundo, seduzir as muitas centenas de milhões de pessoas que são inativas.

O atleta britânico curva-se sempre na cadeira para poder falar para as pessoas que estão nas cadeiras à frente do palco 16, no pavilhão 5. Não coloca de lado competir nesta liga, confessa. “Queremos construir algo incrível.” É que, retirado do desporto, começou a ir a jogos de futebol e a eventos de Fórmula 1 e pensou: “Uau, porque não podemos ter isto na corrida!?”.

A reflexão deste adepto do Arsenal com bilhete de época na infância continuou: “Eles trabalham tanto como estes rapazes, na verdade ainda mais. Para eu estar no topo das minhas capacidades, tinha de fazer 120 milhas [193km] por semana. Semana sim, semana sim. Estava ausente seis meses por ano em eventos. Os atletas deveriam ter mais do que têm. Como fazemos isto? Como o tornamos mais entusiasmante, como a F1 ou o futebol?”

Conectar com a comunidade e dar a conhecer os atletas parecem prioridades. “Eu apoio o Arsenal porque nasci em Londres. Lembro-me de ver jogadores incríveis que me inspiravam. Queremos estar ligados à comunidade, não somos só uma liga”, explica o apaixonado Mo Farah. E acrescenta: “Não sabemos o suficiente sobre os atletas. Antes havia eu, Bolt, grandes figuras. Agora torna-se difícil ver porque não tenho ligação.”

Muenster, o CEO da liga, partilhou o mapa das fontes de rendimento: bilhetes de entrada, patrocínios, merchandising, acordos com as cidades que receberão milhares de turistas e direitos de transmissão televisivos.

“Correr tem de ser sexy outra vez!”, declara Marcel Muenster, o ideólogo desta “F1 da corrida”. Partilhar as métricas de saúde dos atletas é uma das vias, admite. “Na F1 mostram a performance dos carros. Queremos fazer o mesmo com seres humanos. Queremos transmitir isso em direto, ver o Mo a correr e sabermos que está a 60% da sua capacidade. É uma forma de nos conectarmos às pessoas, sobretudo aos mais jovens.”

O multicampeão olímpico reforça que a ideia passa por envolver os miúdos. Que esta seja também uma ferramenta de bem-estar e a favor da saúde mental. E mencionou a “Mo Mile”, na qual os jovens, um dia antes da corrida, podem alinhar ao lado de Farah numa breve corrida. “Queremos que sejam ativos, ajudá-los.”

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