06 dez, 2024 - 14:40 • Luís Aresta
João Lagos sobe à rede para criticar o que entende ser uma manobra de perpetuação no poder na Federação Portuguesa de Ténis. Este sábado há eleições. O ex-vice João Paulo Santos será o novo presidente. Já o presidente cessante, Vasco Costa, passa a Secretário-Geral. Numa entrevista a Bola Branca, João Lagos mostra-se inconformado com o que classifica de fraude.
“Temos um presidente que está lá há 12 anos, se recusa a sair e arranjou um estratagema para tornear a lei que estabelece o limite de três mandatos. É uma forma de contornar a lei para, no fundo, ir contra ela. É a isto que eu chamo fraude, independentemente de a lei ser mais ou menos explícita em relação à prática deste tipo de habilidades. Não é só no ténis, mas é a minha modalidade de berço que me preocupa e, portanto, sou contra estas formas de lidar com a liderança da minha modalidade”, declara.
João Lagos não poupa nas palavras, quando confrontado pela Renascença com o esperado apoio de várias associações regionais e das associações de treinadores e jogadores, à lista única que este sábado vai a votos.
“Há umas quantas associações que não concordam com nada disto, mas há outras que concordam. O que se diz aí, à boca-cheia, é que estão comprados, estão vendidos em troca de favores que o atual presidente vai distribuindo segundo os seus próprios critérios, bem escondidos e muito pouco transparentes; no fundo, lá vai beneficiando uns e outros, aqui e ali. Isso reverte-se em votos suficientes para, porventura, conseguir a maioria que pretende. Isto, naturalmente, desencoraja todos aqueles que não concordam e que acabam por se calar, porque seriam ainda mais prejudicados do que têm sido. É isto que corre à boca-cheia no meio do ténis. Eu ando um tanto ou quanto afastado dessas lides, no dia-a-dia, mas desde que me interessei por este escândalo em perspetiva, vim a saber coisas que eram inimagináveis na minha cabeça e que se estão a passar. Sinto vergonha, vergonha alheia, que a minha modalidade de coração e de berço esteja a ser manobrada por pessoas deste calibre”, sublinha.
O rosto mais visível do Estoril Open, confia na justiça e nas entidades que superintendem o desporto em Portugal, para que as eleições na Federação Portuguesa de Ténis sejam anuladas.
“O processo está em marcha. Foi feita uma exposição/queixa a todas as instituições que tutelam estas matérias. Secretaria de Estado do Desporto, Tribunal Arbitral do Desporto, Procuradoria da República, todas essas entidades estão prevenidas e é muito natural e expectável que atuem em conformidade com a lei e com a ética que deve imperar em tudo que é desporto”.
A Renascença tentou uma reação dos visados a estas declarações de João Lagos. Até ao momento, nem Vasco Costa, nem João Paulo Santos, se mostraram disponíveis.