25 dez, 2024 - 08:10 • Carlos Calaveiras
Já todos o comparam a Usain Bolt e não é para menos: o jovem Gout Gout espantou o mundo, com apenas 16 anos, quando já este mês bateu o recorde nacional australiano dos 200m com um tempo (20,04) que nem a lenda jamaicana conseguiu com esta idade.
A 7 de dezembro, durante o Campeonato Australiano de Atletismo para Escolas do país, em Brisbane, Gout Gout melhorou a marca de Peter Norman, recorde que durava desde os Jogos Olímpicos de 1968, ultrapassou Bolt que, com 16 anos, não foi além de 20,13 segundos, e seria quinto classificado no último mundial sénior.
O miúdo tenta afastar a pressão: “Percebo essa comparação, mas estou a tentar ser eu mesmo. Quero continuar a fazer isto e não ser apenas novo o Usain Bolt, mas sim ser o Gout Gout”.
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Mas, afinal, quem é esta jovem pérola do atletismo mundial?
Gout Gout, que faz 17 anos a 29 dezembro, nasceu em Ipswich, na Austrália, e é filho de imigrantes do Sudão do Sul, Bona e Monica, que chegaram ao país em 2005 depois de uma paragem no Egipto.
O nome da nova estrela pode parecer-lhe estranho… e é: gout, em inglês, é o equivalente a gota, a doença reumática inflamatória.
Entretanto, o pai Bona já confirmou à 7News que o nome da família foi mal traduzido do árabe e deveria ser Guot, mas o certo é que, para já, ficou Gout.
Nos primeiros anos de escola, Gout jogava futebol e admirava Cristiano Ronaldo, mas um dia Diane Sheppard, a treinadora da Ipswich Grammar School, viu o miúdo correr aos 13 anos e convenceu-o a experimentar o atletismo.
A partir daí tem sido um corrupio de recordes batidos, nos 100 e 200m nos sub-16, com 14 anos. Aos 15 já batia tempos nos sub-18.
Em agosto foi medalha de prata nos sub-20 e, a 18 de outubro, Gout Gout participou no torneio GPS Track & Field e ganhou as provas de 100m (10,36s), 200m (20,86s) e 400m (47,57s).
Em dezembro vieram os seus dois melhores tempos, até ao momento, nos 100 (10,04s) e 200m (20,04), já depois de um contrato milionário assinado com uma marca desportiva
Ao que tudo indica, Gout Gout vai agora dar mais um salto na carreira. Em janeiro de 2025 está previsto que viaje para os Estados Unidos e passe a treinar com Lance Brauman, o técnico de Noah Lyles, campeão mundial e olímpico dos 100m.
O mundo do atletismo aguarda para ver como será a evolução nas pistas, mas alguns deixam o alerta: Sebastian Coe, ex-atleta e agora presidente do Conselho Mundial de Atletismo, reconhece que o jovem australiano é “talento raro”, mas que precisa de ser “protegido”.
"Ele tem 16, 17 anos, é um talento extraordinário. Mas penso que qualquer pessoa com quem se fale nos escalões superiores dos treinadores australianos e certamente aqui na World Athletics dir-lhe-á que o maior desafio dos treinadores é levar um jovem de 17 ou 18 anos realmente talentoso para os escalões superiores das equipas seniores", referiu.
Coe alerta: "Temos de ser realistas: a grande maioria das pessoas que ganham títulos mundiais de juniores não chegam a competir pela sua equipa nacional a nível sénior”.