02 jan, 2025 - 10:47 • Inês Braga Sampaio com Reuters
Morreu a antiga ginasta Ágnes Keleti, cinco vezes campeã olímpica, aos 103 anos, esta quinta-feira, anunciou o Comité Olímpico da Hungria (COH). Era a mais velha vencedora de uma medalha de ouro dos Jogos Olímpicos ainda viva, e uma sobrevivente do Holocausto.
Nascida em Budapeste no dia 9 de janeiro de 1921, como Ágnes Klein, juntou-se à Federação de Ginástica da Hungria em 1938, aos 17 anos, e tornou-se campeã nacional dois anos depois, em 1940. Porém, nesse mesmo ano, foi banida de todas as atividades desportivas, devido às suas origens judaicas.
Segundo o COH, Keleti escapou à deportação para campos de concentração Nazis, onde centenas de milhares de judeus húngaros foram assassinados, escondendo-se numa vila a sul de Budapeste com documentos falsos. Contudo, o seu pai e vários familiares morreram em Auschwitz.
Foi apenas quando a II Guerra Mundial já tinha terminado que Ágnes Keleti se tornou numa das melhores ginastas da história. Em 1952, aos 31 anos, idade a que a maioria das ginastas já se teria reformado, venceu a sua primeira medalha de ouro, no solo, nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, na Finlândia. Também foi prata no "all-around" por equipas e bronze nas barras assimétricas e nos aparelhos portáteis por equipas (disciplina entretanto retirada).
O ponto mais alto da carreira de Keleti chegaria aos 35 anos, em Melbourne 1956. Venceu mais quatro ouros - solo, trave, barras assimétricas e aparelhos portáteis por equipa -, a que juntou, ainda, duas pratas: "all-around" individual e por equipas.
As dez medalhas olímpicas fazem de Ágnes Keleti a mais condecorada atleta húngara da história, juntamente com o antigo esgrimista Aládar Gerevich (que tem sete ouros, contra os cinco de Keleti).
"Ágnes Keleti é a melhor ginástica produzida pela Hungria, uma mulher cuja vida e carreira se entrelaçaram com a política do seu país e a sua religião", lê-se no perfil no site do Comieté Olímpico Internacional.