18 dez, 2022 - 09:18 • Diogo Camilo
Quando Kylian Mbappé começou a dar os primeiros toques numa bola no Bondy, nos subúrbios de Paris, Lionel Messi já era Bola de Ouro e tinha duas Ligas dos Campeões no bolso. Este domingo, os dois colegas de equipa do PSG encontram-se para discutir o único troféu que o francês tem a mais que o argentino – um Campeonato do Mundo.
Depois da final perdida em 2014 para a Alemanha, a Argentina procura repetir a sorte de 1986, no México, pela mão de Maradona, ou a primeira vez em que se tornou campeã mundial, em casa, no Mundial de 1978.
Em caso de vitória, Messi perpetua-se como o indiscutível melhor jogador que o futebol viu, depois de 6 prémios The Best e 3 Ballon D’Or. O fantasma de Maradona e a questão do sucesso com a seleção que o assombrou durante a última década evapora-se, com as conquistas da Copa América no ano passado e deste Mundial.
E Cristiano Ronaldo, seu eterno rival, fica mais longe. Tal como o próprio Maradona ou Cruijff.
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Chegando ao Qatar com uma seleção motivada, que carregava a maior sequência de jogos sem perder a nível internacional, a Argentina abanou ao primeiro encontro: uma derrota por 2-1 com a Arábia Saudita, que obrigou os argentinos a lutarem pela vida nos outros dois jogos (vitórias contra México e Polónia).
Desde então, o trajeto tem sido mais tranquilo. A vitória frente à Austrália nos oitavos-de-final nunca pareceu estar em dúvida, mas o confronto com a Holanda nos ‘quartos’ chegou a preocupar. Os argentinos estiveram a vencer por dois golos, perderam a vantagem e tiveram de resolver a eliminatória nas grandes penalidades. Na meia-final, a vida foi mais fácil, com uma vitória por 3-0 sobre a Croácia.
Em caso de vitória neste Mundial, a Argentina torna-se a segunda seleção a conquistar a prova depois de perder o primeiro jogo da competição. A Espanha fê-lo em 2010, perdendo com a Suíça na fase de grupos.
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Se a França vencer, torna-se a primeira seleção a vencer títulos consecutivos desde o Brasil, em 1958 e 1962. Apenas 21 jogadores venceram o Mundial por mais do que uma vez e só um – Pelé – o fez por três vezes. E, com 23 anos, Mbappé será o segundo mais novo a vencer dois Mundiais – atrás de Pelé.
O primeiro título dos franceses foi alcançado em 1998, Mbappé ainda não era nascido. E, depois do título alcançado em 1998, já com o jovem do PSG como uma das figuras principais da seleção, a França pode chegar ao terceiro Campeonato do Mundo, superando Argentina e Uruguai e ficando a um de Alemanha e Itália e a dois do Brasil.
Com dois Mundiais conquistados, parece difícil que o jovem não comece a ser comparado aos grandes, Messi incluído, e a vitória nesta final poderia servir como que a passagem de testemunho da atual maior figura do desporto para aquela que dominará o futebol nos próximos 10 anos.
Há quatro anos, Mbappé e Messi encontraram-se nos oitavos-de-final, num emocionante jogo em que o francês foi a figura: bisou no triunfo por 4-3, uma das três vezes em que as duas seleções se defrontaram em Mundiais.
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Curiosamente, sempre que França e Argentina se encontraram na competição, o vencedor terminou na final: em 1978, houve jogo na fase de grupos e venceram os argentinos, que acabaram a vencer a competição; na primeira partida entre ambas, em 1930, também venceu a Argentina, que acabou por perder a final com o Uruguai.
Tal como a Argentina, também a França perdeu uma partida no seu caminho. Já com o primeiro lugar do grupo praticamente assegurado, os franceses foram batidos pela Tunísia, por 1-0. Desde então, o percurso tem sido pacífico. Uma vitória por 3-1 frente à Polónia nos ‘oitavos’, por 2-1 à Inglaterra nos quartos e por 2-0 a Marrocos, nas meias-finais.
O jogo deste domingo tem hora de início marcada para as 18h (15h em Lisboa), no Estádio Lusail, com capacidade para mais de 80 mil espectadores, e será apitado pelo polaco Szymon Marciniak.
Termine como terminar o encontro deste domingo, haverá história: de um lado, o jovem que fará aquilo que só Pelé conseguiu; do outro, um extraterrestre que conquista finalmente o Mundo.