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Nelo Vingada. "Carlos Queiroz tentou que Taremi chegasse mais cedo a um grande"

19 ago, 2020 - 12:45 • Luís Aresta

Com vasta experiência no futebol asiático, Nelo Vingada aprova a aposta do FC Porto no goleador iraniano. Só estranha que Taremi tivesse chegado a Portugal pela mão do Rio Ave.

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Com uma larga experiência no futebol asiático, Nelo Vingada, amigo e ex-conselheiro de Carlos Queiroz na seleção do Irão, não tem dúvidas de que Mehdi Taremi tem qualidade para se impor no FC Porto.

Numa entrevista a Bola Branca, Nelo Vingada revela que o antigo selecionador do Irão tentou que Taremi tivesse chegado mais cedo a um clube grande. O desempenho do avançado irianiano na sua primeira época em Portugal (21 golos marcados em 37 jogos) não é de estranhar. O que verdadeiramente espanta Nelo Vingada, é que só agora Mehdi Taremi chegue a um clube com a dimensão do FC Porto.

“Do ponto de vista técnico e psicológico, não tenho a mínima dúvida de que vai dar um rendimento alto. Não me surpreendeu aquilo que o Taremi fez no Rio Ave, surpreendeu-me sim, ele ter vindo apenas para o Rio Ave”, confessa o experiente treinador de 68 anos, que não deixa de salvaguardar o respeito que tem por todos os clubes, independentemente da dimensão.
Nelo Vingada sublinha que o Rio Ave “fez uma época fantástica e obviamente também o deve ao talento que o jogador conseguiu exteriorizar com a ajuda de todos e do técnico”, confessando, porém, que “era expetável que ele pudesse vir para um nível melhor”, sendo o FC Porto um clube mais ajustado à dimensão de Taremi, até porque “do ponto de vista psicológico é um jogador muito forte”.

Enquadramento no FC Porto pode justificar atenções redobradas

A qualidade de Taremi é inquestionável para Nelo Vingada, que antes de o avançado ser contratado pelo Rio Ave, o observou em jogo e treino pela seleção do Irão, conhecendo-o, por isso, um pouco mais por dentro.

“Aquilo que vi logo na altura - até em conversas com o Carlos Queiroz - foi que estávamos perante um jogador com potencial e de dimensão superior para o nível do Irão, que no continente asiático é fortíssimo. Embora haja quem não goste de ouvir, o futebol na Ásia não está a anos luz do futebol europeu”, declara o antigo treinador adjunto da seleção portuguesa, antes de recordar que em 2002 [preparava-se Nelo Vingada para rumar ao Egipto], Portugal foi afastado do Campeonato do Mundo pela Coreia do Sul.

Pela vasta experiência que tem do futebol na Ásia, o treinador adverte, contudo, para a eventualidade de Taremi poder revelar um caráter “um pouco tímido ou reservado no relacionamento pessoal” que pode justificar “aquele toque do treinador, porque se trata de jogadores que vêm de outra cultura, de outra religião e de países com valores completamente diferentes".

Um mercado ao alcance da bolsa dos clubes portugueses

O ex-observador da federação iraniana de futebol recorda, nesta entrevista à Renascença, o empate (1-1) entre Portugal e o Irão, no Mundial de 2018, em que Mehdi Taremi e o guarda-redes Alireza Beiranvand foram figuras em destaque.
Para Nelo Vingada, também o guardião iraniano “se estivesse em Portugal, estaria provavelmente nos quatro melhores e estamos a falar de níveis financeiros e económicos cujo padrão é relativamente fácil às equipas portuguesas poderem chegar lá”.

O Rio Ave recebeu Taremi a custo zero, com o jogador a manter 40% do passe. O avançado prescindiu de muito dinheiro, a nível salarial, para apostar na sua primeira experiência na Europa. O FC Porto deverá pagar 6 milhões de euros ao clube de Vila do Conde e o avançado assina um contrato de quatro temporadas com os campeões nacionais.

À espera que o telefone toque, de preferência do estrangeiro

Nelo Vingada, alentejano de Serpa, é um dos mais experientes treinadores portugueses, tendo iniciado a carreira há quase 40 anos (1981/82), no Belenenses. Com um currículo que inclui passagens pela Seleção Nacional e pelo Benfica (treinador-adjunto), foi no estrangeiro que colecionou títulos, com dois campeonatos conquistados no Egipto e outro na Coreia, uma Taça Asiática e uma Supertaça Africana.
Está sem clube desde que deixou o Kerala Blasters (Índia) em 2018/19 e não tem pressa em terminar aquilo que considera um período de férias.

“Depois de ter andado por 11 países e de ter conquistado o que conquistei, já vou para onde quero e não para onde as pessoas querem” declara, sublinhando que se tiver de optar por treinar em Portugal ou no estrangeiro, não hesitará em fazer as malas e voltar a emigrar.

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