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FC Porto

Pinto da Costa foi sempre contra a Superliga. "É um 'nado-morto'"

23 abr, 2021 - 23:18 • Redação

O presidente do FC Porto, que já sabia do projeto há uns anos, considera que a Superliga Europeia vai contra a essência do futebol: "Qualquer clube tem de ter direito a ganhar e participar." Já o primeiro-ministro "devia abster-se de falar de futebol".

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O presidente do FC Porto garantiu, esta sexta-feira, que sempre foi contra a Superliga Europeia, mesmo quando a sua criação começou a ser visionada há vários anos, e acredita que, depois deste arranque em falso e perante reações tão negativas, o projeto não voltará a ter tração.

Em entrevista ao Porto Canal, em celebração dos 39 anos como presidente do FC Porto, desde 1982, Pinto da Costa revelou que o movimento para a criação da Superliga "já tem uns tempos". Quando rejeitou o convite para integrá-la, o conceito já não era novidade.

"Havia sempre conversas, mas eu pessoalmente fui sempre contra. A força do futebol é ser popular e qualquer clube tem de ter direito a poder ganhar e a participar. As escolhas para as provas europeias têm de ser por mérito desportivo, não por dinheiro", frisou o líder portista.

Pinto da Costa elogia a posição tomada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que "sentiu inteligentemente que o povo não queria aquilo". No final, os 10 clubes que deixaram o projeto, deixando Real Madrid e Barcelona sozinhos, cederam às pressões da UEFA, da FIFA e, no caso dos ingleses, do governo, "que o fez pela pressão popular":

"Nunca mais esse projeto irá para a frente, sobretudo pela posição tomada pelo governo inglês, que levou a que os clubes ingleses em 24 horas mudassem radicalmente de opinião. Penso que é um 'nado-morto'."

Clubes devem ser dos adeptos


Pinto da Costa defende que o dono de um clube devem ser os adeptos e sublinha que é assim que se vê enquanto presidente do FC Porto:

"O povo quer sentir-se dono do clube. Os donos desses clubes sentiram que estavam a ser marginalizados e que estavam a descaracterizar a verdadeira função do clube. Eles querem estar nas provas europeias e querem ganhá-las por mérito desportivo. Não querem estar lá sem nunca terem ganho nada só porque têm um magnata que é o dono deles."

A questão dos magnatas, príncipes, milionários e oligarcas faz com que se perca o sentimento de posse de um clube por parte dos adeptos, o que "desvirtua o verdadeiro sentido popular do desporto", e desequilibra a balança competitiva. Pinto da Costa faz notar, aliás, que nenhum dos clubes ingleses envolvidos na Superliga Europeia têm donos ingleses.

"São de americanos ou chineses ou assim. Isso é descaracterizar o futebol. Por isso é que sou totalmente contra isso [Superliga]. Todos os clubes têm de ter possibilidade de competir. Quem ganha vai às provas europeias. Não é porque 'escolho este porque tem muito dinheiro, este porque tem um americano que é muito rico, outro tem um chinês e outro tem um de outro país qualquer'", sustenta o líder portista.

António Costa "devia abster-se"


O primeiro-ministro português, António Costa, também se manifestou desde logo contra a Superliga Europeia. A atitude do chefe do Governo não despertou qualquer simpatia em Pinto da Costa, no entanto.

"O primeiro-ministro António Costa tem feito tanto mal e o seu governo tem feito tanto mal ao futebol e, nomeadamente, ao FC Porto que ele devia abster-se de falar de futebol", atirou, de forma taxativa, o líder portista.

Apesar da novela da Superliga e da recusa em participar por parte do FC Porto, a relação com os clubes envolvidos não sofre. O mesmo deve suceder com a UEFA, que "tem de ser superior e defender os interesses do futebol": "Que haja paz e que haja uma uniformidade de vontades. A UEFA tem de defender o futebol e os clubes todos, não só os clubes ricos."

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