07 fev, 2022 - 12:45 • Luís Aresta
Gabriel, antigo jogador de ambos os clubes, considera que, se derrotar o Sporting, o FC Porto pode encomendar as faixas, sem perder o foco nas jornadas seguintes, a pensar no 30.º título de campeão nacional.
Em entrevista a Bola Branca, o antigo lateral-direito dá o mote para o clássico que, na sexta-feira, vai opor Porto, líder do campeonato, e Sporting, segundo classificado, a seis pontos, no Estádio do Dragão, em jogo da 22.ª jornada. Uma vitória dos portistas não só dilata a diferença para nove pontos, como confere vantagem no confronto direto, uma vez que, na primeira volta, registou-se um empate (1-1) em Alvalade.
Ou seja, se somar os três pontos no clássico do título, o Porto pode sagrar-se campeão em Braga, a quatro jornadas do fim, desde que até lá vença todos os jogos. Gabriel assinala que um triunfo sobre o Sporting, com as devidas cautelas, permite a Pinto da Costa mandar imprimir o número 30 nas faixas de campeão.
“Poder, pode”, diz o antigo defesa, advertindo que “na prática isso não acontece, sendo evidente que o FC Porto fica numa situação superprivilegiada” para resgatar o título perdido há um ano para o Sporting.
Duas vezes campeão nacional pelo FC Porto, o antigo jogador entende que o líder do campeonato parte como favorito para o clássico da jornada 22.
“O fator casa tem muita influência e, à partida, o Porto é favorito neste desafio, pese embora o valor do Sporting”, sublinha o antigo jogador.
Gabriel não deixa de advertir para a imprevisibilidade dos jogos entre grandes, tomando por como exemplo a célebre goleada do Sporting ao Benfica, em 1986, na qual participou de leão ao peito.
“Quando estava no Sporting, o Benfica ia à frente e demos-lhes 7-1, que era uma coisa do outro mundo. Portanto, independentemente das posições, são jogos de resultado imprevisível”, reconhece.
Desde que Luis Diaz se despediu do Dragão para reforçar Liverpool, o Porto soma duas vitórias em duas jornadas, frente a Marítimo (2-1) e Arouca (0-2). Gabriel adverte para o peso da ausência definitiva do colombiano e acha que o verdadeiro teste para Sérgio Conceição está no clássico, dada a facilidade com que a equipa se impôs nos dois desafios anteriores.
“É evidente que não foram jogos de grande dificuldade, que o Porto ultrapassou”, considera, complementando que a saída de Luis Diaz para o futebol inglês “foi uma baixa enorme, porque, tendo o Porto outros jogadores de qualidade, ele desequilibrava um bocadinho”.
Neste contexto, é bom recordar que o extremo colombiano foi preponderante para que o Porto chegasse a este clássico com o Sporting em clara vantagem pontual. Para além dos 16 golos e cinco assistências em 28 jogos, Luis Díaz teve o condão de desatar vários jogos, não sendo de estranhar o azedume com que Sérgio Conceição reagiu à saída do jogador na janela de transferências de inverno.
Já a eventual ausência no clássico do guarda-redes Diogo Costa, na sequência da lesão que contraiu em Arouca, não é, na opinião de Gabriel, um fator de preocupação para o treinador do FC Porto, que tem em Marchesín e Cláudio Ramos boas alternativas para a sua baliza.
Pepe regressou ao onze inicial do FC Porto, para ajudar a equipa a regressar de Arouca com os três pontos na bagagem. Um regresso muito saudado pelos adeptos, após quase dois meses de ausência, devido à lesão contraída durante o jogo com o Sporting de Braga.
Um retorno à competição que nada tem de imprevisto, bem pelo contrário. O departamento clínico do FC Porto planeou a recuperação de Pepe de forma que o capitão portista estivesse pronto para ir a jogo no clássico com o Sporting.
“Pepe é um jogador de qualidade e a sua experiência ajuda-o a compensar o ritmo que pode não ser o melhor” diz Gabriel, nesta entrevista à Renascença, sobre o central internacional português, que no dia 26 de fevereiro completará 39 anos de idade.
Gabriel olha, também, para o atual momento do Sporting e para os dois problemas com que, subitamente, Ruben Amorim se vê confrontado. O triunfo sobre o Famalicão (2-0), em Alvalade, ficou marcado pela lesão de Pedro Gonçalves e pelo cartão amarelo exibido a Pedro Porro, que deixa o influente lateral espanhol fora do clássico com o Porto.
Confrontado com estas duas contrariedades no Sporting, Gabriel admite que Pote pode estar a pagar a fatura do desgaste acumulado em 29 jogos em todas as competições e mais de 2 mil minutos em campo.
“Faz-se muitos mais jogos do que quando eu jogava. É normal que haja um desgaste físico porque se joga a ritmo é muito veloz e isso deixa as suas marcas no corpo humano”, assinala.
Quanto a Pedro Porro, preponderante na ala direita do Sporting, Gabriel admite que a ausência do lateral espanhol no desafio com o Porto pode ser penalizadora.
Não é por acaso que tem sido titular e é um jogador em destaque no Sporting. É evidente que a equipa não vai jogar com dez, tentará arranjar a melhor solução, mas que é uma baixa, claro que é”, reconhece o antigo lateral-direito.
Para o clássico diante do FC Porto, Ruben Amorim não tem Porro, mas conta, seguramente, com Slimani. Os 16 minutos dados, frente ao Famalicão, ao avançado argelino, que em janeiro regressou a Alvalade, na opinião de Gabriel, são um sinal de que o treinador do Sporting conta com ele para atacar a profundidade no Dragão.
“Penso que irá mesmo utilizá-lo. É um jogador com provas dadas e vai querer estar no seu melhor para ajudar a equipa”, conclui.