28 fev, 2022 - 13:30 • Luís Aresta
José Guilherme Aguiar considera que se Wanderson Galeno não reagir à substituição de que foi alvo no jogo com o Gil Vicente bem pode começar a preparar as malas para, no próximo verão, deixar o FC Porto.
Profundo conhecedor dos meandros do futebol portista, José Guilherme Aguiar encara a decisão de Sérgio Conceição como uma primeira advertência ao jogador que, neste inverno, regressou ao Dragão, depois de duas épocas e meia no Braga. Galeno entrou ao minuto 31 do jogo com o Gil Vicente, para render Stephen Eustáquio, mas a verdade é que 36 minutos bastaram para que o treinador concluísse que a sua opção não fora a mais acertada. Galeno seria substituído ao minuto 67.
”É evidente que a substituição não agradou a Galeno”, declara o antigo dirigente portista, em declarações a Bola Branca. Mau seria se assim não fosse, assinala, porque, na sua opinião, a indiferença perante a situação apenas significaria que o jogador “não merece estar no plantel do FC Porto”.
José Guilherme Aguiar faz notar que, no Porto, “os jogadores de futebol, sejam eles quais forem, não gozam de prorrogativas especiais ou de situações de conforto” e defende que “Galeno só terá se confrontar com ele próprio". "A exibição que estava a fazer não era aquela de que a equipa precisava, não era o jogador que tinha de furar nas alas”, salienta.
"A ala esquerda não conseguiu chegar à linha de fundo para cruzar e mesmo Zaidu, um jogador dotado de grande velocidade, não quis tentar, o que irritou solenemente Sérgio Conceição”, analisa.
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José Guilherme Aguiar lembra que, “perante a inteligência que o Gil Vicente estava a utilizar na sua defesa, a neutralizar as jogadas do Porto”, Sérgio Conceição acabou por substituir tanto Galeno como Zaidu.
Com as substituições operadas à entrada do terço final do encontro, o Porto tomou conta do jogo e teve oportunidades suficientes para garantir a vitória. No entanto, foi o Gil Vicente que regressou a Barcelos a "cantar de galo", depois de, pela primeira vez em 25 jogos, ter imposto um empate em casa do FC Porto.
“Foi futebol”, entende José Guilherme Aguiar. "O Gil Vicente, apesar de ter ficado com menos um jogador logo no início da partida, galvanizou-se e ganhou aquela força que lhe permitiu aguentar os primeiros embates que são sempre mais fortes depois de uma expulsão”, acrescenta.
O antigo dirigente do FC Porto admite que “tudo se agravou com o golo do Gil Vicente”, a que o Porto reagiu com prontidão, “tudo levando a crer que iria partir para uma vitória que só não aconteceu por manifesta falta de sorte”.
Não fora o empate em casa com o Gil Vicente e, esta segunda-feira, o FC Porto, líder isolado, teria uma vantagem de oito pontos sobre o Sporting, a dez jornadas do fim do campeonato.
“Foi pena”, reconhece José Guilherme Aguiar, porque “o FC Porto poderia ganhar uma vantagem que, não permitindo descansar, iria sobretudo criar algum desânimo na equipa do Sporting”. Assim sendo, haverá “campeonato até ao fim e ainda bem que assim é”.
"O FC Porto vai acabar por ganhar, mas como em todas as competições será resultado de muito sacrifício e do bom jogo que é obrigatório que as equipas façam”, salienta, no entanto, o antigo dirigente portista.
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Porto e Sporting chegam em igualdade de circunstâncias à primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, marcada para quarta-feira, em Alvalade. José Guilherme Aguiar lembra que os leões também vêm de um empate com o Marítimo, num jogo em que, tal como o Porto, na segunda parte, justificaram vencer.
Empates como o consentido com o Gil Vicente “são situações difíceis de digerir, mas obrigatoriamente digeríveis”, sublinha o ex-dirigente. Cabe aos jogadores do FC Porto encararem o deslize como uma “lição de humildade”, acentua, antes de deixar uma "farpa" na contagem decrescente para o reencontro com o Sporting a contar para a Taça de Portugal.
“Será meia parte de 180 minutos, que agora não são 180 se medirmos pelo tempo útil de jogo do último embate entre Porto e Sporting”, assinala, para rematar que a equipa orientada por Sérgio Conceição “tem de reagir como reagiu noutras circunstâncias”, o que não é mais do que “a obrigação de uma equipa profissional”.