27 out, 2023 - 10:07 • Eduardo Soares da Silva
André Villas-Boas considera "surpreendente" que o treinador Sérgio Conceição ainda não tenha renovado contrato com o FC Porto.
Na segunda parte da entrevista ao "Expresso", o provável candidato à presidência no próximo ano estranha que o técnico, que está em final de contrato, ainda não tenha arrancado negociações para a renovação de vínculo para lá de 2024.
"É muito estranho, numa relação tão amorosa como a que o Sérgio tem com o FC Porto e que o seu presidente tem com o seu treinador, que ainda não tenha havido espaço para uma renovação", diz, antes de apontar o "timing" ideal.
"Teria sido de grande sentido de oportunidade fazer a renovação após o jogo com o Inter, não só pelo que ele representa para nós, portistas, pelo seu sucesso, mas também pelo sentido de oportunidade, já que é quando estamos mais isolados e tristes que pode surgir um abraço amigo e uma confiança no trabalho para o futuro", diz.
No entanto, Villas-Boas não tem respostas. Só perguntas. E elas devem ser feitas à atual direção do clube: "É uma pergunta que tem de ser feita ao presidente do FC Porto e ao treinador. Certamente responderão que o foco tem de estar no campeonato".
"Desconheço as intenções do presidente e do treinador, porque eles não falam do assunto e é tabu há bastante tempo. Tenho pena que assim seja porque o Sérgio, além de tecnicamente muito competente, projeta os valores do FC Porto de uma forma única", explica.
FC Porto
Ao "Expresso", o ex-treinador acredita que o FC Po(...)
Sérgio Conceição está na sua sétima época como treinador do FC Porto. Nas seis temporadas concluídas, venceu três campeonatos, três Taças de Portugal, uma Taça da Liga e três Supertaças.
Villas-Boas foi ainda questionado sobre os "quase divórcios regulares" entre Pinto da Costa e Conceição: "Acho que, naturalmente, uma pessoa que se vê, às vezes, isolada na gestão da organização se encontre, por vezes, em situações de poder absoluto e daí achar que é dona da comunicação da sua própria organização".
"Isto é muito normal nos treinadores, principalmente nas propriedades, já que, como o dono não está presente, a grande comunicação é feita pelos treinadores, visto que os CEOs ou presidentes não estão tão presentes na comunicação", aponta, antes de concluir.
"Se a comunicação não for ditada a partir do topo, o treinador rege-a. Como conhecedor do fenómeno diria que esses desencontros têm a ver com a falta de comunicação interna. Dá-me a entender que, no FC Porto, a comunicação está perdida, faz-se a partir das vontades e desejos do treinador. Penso que não deveria ser assim, porque uma organização deveria obedecer a determinados parâmetros de comunicação e creio que as divergências internas acontecem por via de falta de entendimento comunicacional entre as partes", termina.