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FC Porto

Sérgio Conceição e a evolução do mercado. "O meu empresário não ligava durante anos"

28 dez, 2023 - 13:24 • Redação

Treinador fala das diferenças entre o mercado de quando era jogador e de agora: "Com a Lei Bosman, é muito mais fácil um jogador de Rio Ave, Famalicão ou Arouca estar no FC Porto."

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Sérgio Conceição reconhece que o mercado de transferências está bastante diferente, hoje em dia, do que era quando ele jogava futebol.

Em conferência de imprensa, esta quinta-feira, o treinador do FC Porto revela algumas das diferenças mais gritantes, que muito têm a ver com os empresários.

"Lembro-me que há uns anos existia o senhor Manuel Barbosa como empresário e não havia mais. Hoje em dia o jogador tem o empresário principal e outros cinco que trabalham a imagem, a comunicação... São empresas incríveis, não tenho nada contra isso, até porque fui emigrante e muitas vezes o meu empresário não me ligava durante anos e os clubs falavam diretamente comigo", assinala.

Sérgio considera que "os empresários fazem bem ao futebol, fazem falta ao futebol para o bem do jogador, por vezes, em situações difíceis, em que não têm oportunidade de se mostrar e são os empresários a encontrar solução". Contudo, também há consequências negativas.

"É muito difícil controlar ou bloquear determinadas situações dentro do Olival. É difícil. As pessoas falam com muita gente. É o que acontece hoje em dia. Tudo faz com que o futebol hoje seja diferente", lamenta.

"Hoje em dia, um miúdo chegar à primeira equipa é fácil"


Sérgio Conceição também fala da dificuldade que, atualmente, equipas da dimensão dos grandes portugueses têm em manter os grandes jogadores.

"Eu sou de uma equipa do FC Porto em que a base era toda da formação. Hoje em dia, com a Lei Bosman, que permitiu uma livre circulação de jogadores, os bons, os menos bons e os mais ou menos, vai tudo embora. Eu já tive esta conversa com os meus jogadores. Hoje é muito mais fácil um jogador do Rio Ave, do Famalicão, do Arouca estar no FC Porto do que acontecia antigamente. É muito difícil guardar os melhores jogadores durante três ou quatro anos. Se tivéssemos essa capacidade financeira, com certeza estaríamos a ombrear com os grandes tubarões da Europa por títulos europeus", afiança.

Para o técnico, "hoje em dia um miúdo chegar à primeira equipa é fácil".

"Eu andei três anos emprestado à segunda divisão e a ganha o meu... E disseram-me que só me deixariam fazer pré-época", atira, entre risos.

É daí, entende, que surge o atual equilíbrio do campeonato português: "Se calhar os grandes é que estão diferentes. Hoje em dia está muito nivelado porque a maior parte do nosso plantel e das nossas contratações são de Santa clara, Famalicão, Rio Ave. Fica mais fácil para as equipas mais pequenas equilibrar os jogos e estar ao mesmo nível. Há dois ou três que se nota a diferença, claro, mas se eu não visse o campeonato, trocaria as camisolas e não veria grande diferença."

Além das dificuldades em manter jogadores, o futebol também está com uma densidade competitiva cada vez maior, o que obriga os treinadores a esforços constantes para responder às adversidades.

"O prolema é que mesmo os amigáveis da pré-época, se não ganhamos, há logo exigência dos adeptos, da própria comunicação social, e nós não temos 'superstars'. Temos jogadores de trabalho, que se dedicam muito à causa, que são ambiciosos. Não temos varinha mágica, mas tentamos, com muito trabalho e muita dedicação, lutar pelos objetivos todos os anos e este ano vai ser o mesmo", garante.

"Não temos arcaboiço para ir buscar grandes estrelas"


De novo sobre o mercado atual, e de um ponto de vista mais prático, Sérgio Conceição admite que poderá haver ajustes: "É uma conversa que tenho com o presidente, para depois decidirmos o que é melhor para o FC Porto."

Venha quem vier, será da perspetiva de colmatar lesões ou o afastamento de David Carmo, e não de contratações sonantes.

"Quando se mexe é pior, mas há ajustes. Entrarem três ou quatro jogadores e saírem três ou quatro jogadores não me parece que seja o melhor. Ou são jogadores de qualidade inequívoca, para entrarem de caras, ou o tempo de adaptação vai coincidir com as férias. Há alguns que mais rapidamente conseguem essa adaptação, mas não temos arcaboiço para ir buscar essas grandes estrelas e, muitas vezes, é melhor confiar, como eu confio, no grupo que tenho à disposição e, depois, pontualmente, fazer um ou outro ajuste", vinca.

Sérgio Conceição fazia a antevisão do FC Porto-Desportivo de Chaves, jogo da 15.ª jornada do campeonato, marcado para sexta-feira, às 20h45, no Estádio do Dragão. Encontro que terá relato em direto na Renascença e acompanhamento ao minuto em rr.pt.

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