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FC Porto

​Agora que está de saída, o que disse Conceição quando chegou ao Porto? “Espero não perder o presidente”

28 mai, 2024 - 11:00 • Hugo Tavares da Silva

Naquele 8 de maio de 2017, ali mesmo no Museu do FC Porto, Sérgio riu-se quando disse essa frase. Prometeu o que acabaria por cumprir e dedicou tudo aos pais que perdeu na juventude. Um resumo da apresentação do treinador há sete anos.

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No seu jeito malandro, Pinto da Costa confessou, na conferência de imprensa de apresentação do novo treinador, um pedido de Sérgio Conceição, um filho da casa que herdava uma situação delicada. “Os dois jogadores que ele me pediu não dá, que era o Messi e o Ronaldo. Já se convenceu que não pode ser, embora lhe tenha custado a aceitar. Não estou preocupado com entradas e saídas, foi por isso que contratei o Sérgio.”

Estávamos a 8 de junho de 2017. A cerimónia, na garagem do Estádio do Dragão, começou quando os relógios miavam as 17h02.

Sérgio Conceição, então com 42 anos, tinha acabado de rescindir com o Nantes. Nas nuvens do Porto pairava o nome de Marco Silva. O presidente portista negou com o registo do costume, com muita ironia à mistura. Sempre quis Conceição, até antes de este ir para o Nantes. Afinal, Pinto da Costa apreciava o seu “lado humano e profissional”. Porém, o mais importante era a “competência”.

E lá se desatou o amour: “Era mais difícil o Sérgio fazer o que fez no Nantes do que o que fez o Zidane no Real.” Contexto: Zizou tinha acabado de ganhar a segunda Champions, a terceira estava a caminho.

Finalmente, Sérgio Conceição tomou conta da atenção dos holofotes. É curioso notar o que respondeu quando lhe falaram no título e na prioridade que este teria. “Não é uma obsessão”, assegurava, deixando claro que ganhar a Taça de Portugal era “o mínimo”. Voando até ao futuro, até maio de 2024, resta tirar o chapéu perante as quatro Taças conquistadas nos últimos cinco anos.

A formação, os jovens jogadores, era importante para ele. “Dou-lhes muita atenção, pois fui formado aqui. Antigamente era mais difícil ter-se oportunidade na equipa principal”, não deixou de dizer. “Sou um treinador atento à formação que está associada aos valores do clube”, prometeu.

A certa altura perguntaram ao treinador se tinha medo de perder alguém, numa alusão a um qualquer futebolista, claro. “Espero não perder o presidente”, disse, rindo-se. É que na altura e durante muito, muito tempo era mais provável ver-se um pinguim a fazer uns ovos mexidos do que imaginar Jorge Nuno Pinto da Costa sair da presidência do FC Porto. Esta terça-feira, 28 de maio, a SAD do clube passa para as mãos de André Villas-Boas.

“Vamos ter um FC Porto muito competitivo no próximo ano”, garantiu. E cumpriu, mesmo com jogadores que voltavam de empréstimos e sem o ouro de outros tempos, conquistando a Liga. O show Conceição começou a seguir.

“A pressão faz parte, faz-me crescer”, começou a tricotar. “Tenho know-how de saber o que é o mundo do futebol. Não é fácil para os jogadores trabalharem comigo, mas consegui sempre que eles crescessem.” O grande show começou a seguir.

“Não venho aqui para aprender, venho ensinar”, aí está a tirada que os mais saudosos de ‘mourinhices’ esperavam. “Sou treinador do FC Porto. Em sete anos de treinador, nos vários plantéis, tentei potenciar ao máximo os jogadores para ganhar sempre. (...) Isto de se ganhar no grito não existe. Raça é importante, mas é preciso inteligência, que os jogadores interiorizem a mensagem.”

Vale a pena uma viagem relâmpago ao futuro. Conceição afasta jogadores a quem torce o nariz, por alegada falta de compromisso ou por um sorriso fora de tempo, mas também é certo que deu o clique super competitivo a todas as suas equipas no Porto. Com Vitinhas e Fábios Vieiras ou sem Vitinhas e Fábios Vieiras. Ou seja, com mais ou menos talento. A Liga dos Campeões foi o reflexo perfeito dessa verdade (sim, vivia melhor como underdog do que como gigante a procurar soluções e a massacrar um muro cerrado…)

E objetivos, senhor? “Aqui o objetivo é simples: ganhar todos os jogos e competições”, afirmou dentro de um fatinho escuro, talvez preto, talvez azul escuro. Com uns quilinhos a mais e sem gravata. Afinal, vem lá de baixo, é um homem como os outros, mais do povo do que dos cartolas, com os excessos, os pecados e as virtudes dos homens errantes, das pessoas que são gente como a gente.

“O que posso prometer é essa forma de trabalhar e exigência que temos. Vamos com certeza prometer aos adeptos trabalho e determinação muito grandes, para conseguir o principal objetivo: o campeonato”, disse também.

Na declaração inicial, lá bem atrás, Sérgio Conceição foi o homem emocional (do lado certo do coração) que também facilmente se imagina nele. “Desculpem a minha emoção por estar a falar das duas pessoas mais importantes da minha vida, os meus pais. Estarão felizes a olhar para mim com muito orgulho, pelo meu trajeto como jogador, que não tiveram oportunidade de acompanhar, e agora como treinador”, começou por dizer.

O pai de Conceição morreu num acidente de moto, um dia depois de Sérgio ter assinado pelo FC Porto. A mãe morreu dois anos depois, viveu um calvário numa cadeira de rodas, paralisada, contou o treinador à “Tribuna Expresso”, em setembro de 2020.

E continuou: “[Perdi o meu pai] com 16 anos, depois de três meses a convencê-lo a vir para os juniores do FC Porto, porque dizia que seria difícil para mim. Quando me deixou aqui para assinar o contrato, no dia seguinte tive o dia mais triste da minha vida, com a perda dele. A ele e à minha mãe, dedico esta ascenção e o cumprir deste sonho”.

Depois desse soco no estômago, voltou à versão de senhor que promete brilhozinho nos olhos dos adeptos. “Foi com enorme alegria e amor ao clube que vim. Estou convencido que vou conseguir, em maio, estar feliz. Os portistas também, e vou dar essa alegria aos meus pais, que no final da época vão ficar ainda mais felizes."

Comentários
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  • EU
    28 mai, 2024 PORTUGAL 11:35
    O futebol de hoje, é um espectáculo televisivo e como tal mais visto nos sofás do que nos próprios estádios. Eu não gosto e não vejo esse futebol. As câmaras colocadas nos estádios captam TUDO que mexe com muita precisão e por vezes até em demasia. Na frente dos ecrãs estão sentadas Pessoas as quais NÓS, ou eu, não saibamos quem são. Podem ser Mulheres ou Homens. Podem ser Meninas ou Meninos. Podem ser bem educados ou nem por isso. Mas aquilo que as câmaras captam nos estádios saem ou são mostradas nos ecrãs. Num banco de suplentes sentam-se VÁRIAS Pessoas as quais fazem parte do jogo de futebol. Essas Pessoas ou esses Elementos são FOCADOS de princípio ao fim do jogo e o jogo SÓ TERMINA quando o árbitro abandona o relvado. Assim sendo é com FREQUÊNCIA que em tempo de RESUMO vejo a POSTURA ao longo do JOGO do Treinador do FCPORTO. Não gosto da sua movimentação e REACÇÕES. Não gosto dos gestos LABIAIS que nos mostram ser INCORRETOS. Não gosto das deslocações que faz a seguir ao APITO FINAL quando se dirige para o centro do terreno. Em suma, o TREINADOR DO FCPORTO, pode ser o MELHOR DO MUNDO mas não sabe SER EDUCADO. Ao não saber ser educado leva-me a dizer que a SAÍDA é para mim uma ALEGRIA e dá-me novamente VONTADE de VOLTAR ao estádio do Dragao para ver JOGOS de futebol porque com Ele no BANCO deixei de ver o FINAL dos jogos. Devo dizer TAMBÉM que quando sentado ao lado de ALGUÉM MALCRIADO abandono o lugar ou o estádio. NÃO GOSTO de Pessoas mal educadas. Sejam felizes.

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