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Alcochete

Roupeiro do Sporting viu Bas Dost e Misic a serem agredidos com um cinto

15 jan, 2020 - 12:30 • Lusa

João Reis foi ouvido esta quarta-feira em Monsanto no âmbito do caso de Alcochete.

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O roupeiro do Sporting João Reis disse hoje em tribunal ter visto os jogadores Bas Dost e Misic a serem agredidos com um cinto, na cabeça e na face, respetivamente, por um dos invasores à academia de Alcochete.

A testemunha foi ouvida presencialmente na 19.ª sessão do julgamento da invasão à academia em Alcochete, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

O roupeiro declarou que, após o ataque, o estado de espírito era de "raiva e com um sentimento de revolta", além de os profissionais do Sporting ficarem "tristes e assustados".

João Reis explicou que um dos elementos atingiu Bas Dost na cabeça, quando o futebolista holandês se encontrava no corredor de acesso ao balneário, acrescentando que, na sequência da agressão, "a fivela do cinto partiu e caiu ao chão". Já no balneário, o roupeiro contou que o jogador Misic foi atingido "na cara" também com um cinto.

"Fiquei com a ideia de que era o mesmo indivíduo, pois o cinto já não tinha a fivela", afirmou a testemunha, sublinhando ter visto ainda o então preparador físico Mário Monteiro com a camisola queimada, por ter sido atingido com uma tocha lançada pelos invasores.

Ainda no interior do balneário, viu o jogador William Carvalho dizer para um dos elementos "eu conheço-te, eu conheço-te", além de empurrões, gritos e palavras de ordem como "vocês são uma vergonha, tirem a camisola" ou "não ganhem no domingo que vocês vão ver", em alusão à final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Desportivo das Aves, que se realizou no domingo seguinte, 20 de maio, e que o clube leonino perdeu por 1-0.

João Reis afirmou que ouviu alguém perguntar pelo jogador Acuña, dando conta de que entraram no balneário entre "20 a 30 elementos encapuzados". A testemunha, que inicialmente estava na rouparia, relatou que Rolan Duarte, elemento do 'staff' do Sporting, lhe telefonou para que fechasse as portas da academia, pois estavam a entrar adeptos.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, 'Mustafá', líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e 'Mustafá' também por um crime de tráfico de estupefacientes.

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