31 jan, 2020 - 13:18 • Redação
William Carvalho recorda que Mustafá, líder da Juventude Leonina, lhe revelou que Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, terá pedido à claque para partir os vidros dos carros dos jogadores do plantel, uma acusão desmentida por Bruno de Carvalho numa reunião.
"Houve um desentendimento entre o Rui Patrício e o presidente. Também apontou para mim e para o Rui a dizer que éramos os culpados daquilo tudo. Virou se para mim a dizer que era o culpado e eu disse que ele devia ter vergonha de dizer aquilo. O Mustafá ligou-me um dia a dizer que o presidente lhe tinha ligado a dizer para partirem os carros dos jogadores. Quando eu o confrontei com o telefonema, o presidente saiu da sala, voltou com o telefone em alta voz e perguntou ao Mustafá se ele tinha pedido dito aquilo e ele disse que não", disse, em declarações por videoconferência no âmbito do julgamento do caso.
Sobre a reunião no dia anterior ao ataque, William recorda que Bruno de Carvalho garantiu que ia resolver a situação com a claque.
"Estava também o André Geraldes e um ou dois elementos da direção. Essa reunião foi basicamente o presidente a dizer independentemente do que viesse a acontecer, se estaríamos com ele. Ninguém percebeu ao que se referia, acho. Falámos do jogo na Madeira. Também foi falado o suposto comportamento do Acuña para com os adeptos. Bruno de Carvalho disse para ficarmos tranquilos, que ia resolver a situação", disse.
Memórias do ataque
William Carvalho foi um dos jogadores mais visados pelos adeptos do Sporting que invadiram a academia. O atual médio do Bétis recorda o ataque.
"Estava dentro do balneário quando algumas pessoas entraram. Estávamos a sair, tínhamos treino no ginásio e vimo-los a virem em direção ao balneario. Quando me apercebi já lá estavam todos dentro. Entraram porque a porta não tem chave. Eram uns 40. Nos éramos 23, 24 ou 25. Estavam de cara tapada. Começaram aos gritos e perguntavam onde é que eu estava, tal como o Rui Patrício. Lançaram qualquer coisa, mas não conseguia ver muito bem. Quatro deles deram-me socos no peito e nas costas", revelou.
William reconheceu os arguidos Elton Camara, Valter Semedo, Fernando Mendes, Mustafá e Tiago Silva. Jorge Jesus foi também atacado e William recorda o estado do técnico.
"Jorge Jesus tinha marcas no pescoço e na cara. Estava vermelho. De resto só vi o Bas Dost ferido, com a cabeça partida. Tive medo porque isto nunca me tinha acontecido. Foi uma situação de impotência e pânico. Ainda hoje sinto um pouco de receio. Sou de Lisboa, sou de cá. Tenho algum medo", diz.
André Geraldes, antigo elemento da direção, prestará declarações esta tarde.