14 mai, 2020 - 14:33 • Pedro Azevedo
Vinte anos depois da conquista do último título leonino com um treinador português, o autor da proeza, Augusto Inácio, não vislumbra nos próximos tempos a repetição da façanha.
O principal argumento treinador, que também já foi jogador e dirigente do clube, é a "falta de qualidade no plantel e a falta de liderança".
“Com muita pena minha não me parece que o Sporting seja campeão nos próximos anos. Não há um projeto que permita ser um clube ganhador. Por isso, a continuar assim, não me parece que o Sporting nos próximos anos seja campeão”, lamenta, em entrevista a Bola Branca.
Nenhum título nos últimos 18 anos? A culpa é dos dirigentes
Depois do título conquistado em 2000, o Sporting só conseguiu ser campeão mais uma vez, em 2002 com Laszlo Boloni. O clube soma 18 anos seguidos sem conquistar a principal prova do futebol português.
Augusto Inácio considera que o Sporting "deveria ter aproveitado [esse momento] para se impor no futebol português e ser campeão mais assiduamente".
"A grande culpa é dos dirigentes porque muitos deles serviram-se do Sporting e não serviram o clube como deveriam. As consecutivas gestões por esses anos fora em nada beneficiaram a história do Sporting. O clube passa por momentos muito difíceis e complicados, mas deve-se acima de tudo aos seus dirigentes”, acusa.
Augusto Inácio foi o técnico que a 14 de maio de 2000, no antigo estádio Eng. Vidal Pinheiro, em Paranhos, no Porto, conduziu o Sporting ao 17º título de campeão no historial do emblema leonino.
Até à presente data, o último título conquistado por um treinador português no Sporting, o momento mais alto da carreira de Augusto Inácio, como técnico de futebol.
“Foi um grande momento, talvez o melhor momento da minha carreira como treinador. Tive outros momentos importantes, como a qualificação do Marítimo para a Europa, o 4.º lugar pelo V. Guimarães, a subida de divisão do Beira Mar e sermos campeões, a Taça da Liga pelo Moreirense”, enumera.
Nessa tarde de 14 de maio de 2000, o Sporting bateu o Salgueiros por 4-0, com golos na segunda parte apontados por André Cruz (2), Ayew e Duscher.
A equipa leonina quebrava um jejum de 18 anos sem ganhar a prova (o título anterior tinha sido em 1982 com o inglês Malcolm Allison no comando técnico) e fez uma grande festa na cidade do principal concorrente pela luta desse campeonato, o FC Porto de Fernando Santos, que à mesma hora era derrotado em Barcelos, terminando a competição em segundo, a quatro pontos do Sporting, e falhando a possibilidade de chegar a um histórico sexto título consecutivo.
Frente ao Salgueiros, no jogo da consagração, o Sporting alinhou de início com Peter Schmeichel; Saber, Quiroga, André Cruz e Rui Jorge; Duscher, Luis Vidigal e Pedro Barbosa; De Franceschi, Acosta e Ayew. Também jogaram como suplentes utilizados, Toñito, Bino e Mpenza.
Augusto Inácio define que obteve sucesso porque tinha um grande plantel, mas, sobretudo, "um bom balneário, um bom grupo de jogadores que queriam muito ganhar o campeonato e se uniram e trabalharam para isso".
"Sem grandes jogadores não pode haver campeões e tive a sorte de ter grandes jogadores e líderes no balneário”, conclui.
No Sporting, Augusto Inácio, de 65 anos, foi jogador, treinador e diretor geral do futebol. Nos últimos meses, o seu nome tem sido apontado como potencial candidato à presidência do clube.
Uma questão, por enquanto, sem resposta.
“Tem havido muita gente no Sporting que quer falar comigo sobre atualidade e o futuro do clube. Mas como o Sporting não está em tempo de eleições entendo que não devo reunir-me com ninguém em especial. Por essa razão não penso nisso, embora esteja atento ao que se passa no clube. Quando chegar o momento veremos qual será a minha decisão”, refere.
Inácio, antigo lateral-esquerdo, internacional português, campeão europeu e mundial pelo FC Porto, fez carreira no Sporitng entre 1974 e 1982, onde conquistou dois títulos de campeão nacional. Como treinador, esteve presente em Alvalade na conquista de 199/200 e ainda fez parte da época seguinte. Em 2013/14, assumiu o cargo de diretor geral do futebol, sob a presidência de Bruno de Carvalho.