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Rúben Amorim sente-se um treinador invejado. "Tenho uma estabilidade que ninguém tem"

25 out, 2024 - 14:08 • Inês Braga Sampaio

Técnico do Sporting confirma regresso de Pedro Gonçalves e Matheus Reis e destaca a importância de vencer os próximos jogos, a começar pela visita ao Famalicão, no sábado.

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Rúben Amorim sente-se invejado. O treinador do Sporting goza de uma estabilidade que mais "ninguém tem" em Portugal, segundo o próprio, mesmo quando os resultados não o justificavam, e agora quer fazer história. Para tal, considera crucial vencer a série de jogos até à próxima pausa para as seleções, a começar pela visita ao Famalicão.

"A verdade é que eu tenho uma estabilidade que nenhum treinador tem. Tudo bem que ganhámos o primeiro campeonato, chegámos numa fase muito difícil e ganhar no primeiro ano deu uma aura diferente à equipa técnica, mas depois foi-nos permitido errar em muitas situações. Portanto, nesse aspeto, eu sinto-me invejado, porque é verdade", assume o técnico, esta sexta-feira, em conferência de imprensa.

A ambição, esta temporada, é "fazer história" e levar o Sporting ao primeiro bicampeonato em 70 anos. Apesar da superioridade até agora demonstrada, Amorim garante que a Liga não será "um passeio".

Ainda assim, assume que vencer a série de jogos até ao dia 10 de novembro - dia em que já um Braga-Sporting e um Benfica-FC Porto - será um passo rumo ao objetivo de revalidar o título de campeão.

"Temos aqui um conjunto de jogos que, se tivermos rendimento e ganharmos, transmite uma mensagem não só para nós, mas também para toda a gente lá fora", admite Rúben Amorim.

Série que continua com o Famalicão-Sporting, jogo da jornada 9 da I Liga marcado para sábado, às 20h30. Partida que terá relato em direto e acompanhamento da Renascença, na rádio, na app e em rr.pt.

Famalicão é uma equipa difícil de bater no seu campo: "Não é só o clube, é uma junção do clube, do estádio - vive-se muito o Famalicão naquele estádio - e do treinador. É muito difícil bater as equipas do mister [Armando] Evangelista. Demorámos muito tempo a bater o Famalicão, no ano passado foi um passo importantíssimo na conquista do título e este ano esperamos o mesmo. Uma equipa que tem uma derrota apenas no campeonato, é muito difícil de bater, tem sempre jogadores talentosos, que gostam de jogos grandes, porque estão numa fase de formação em que o talento está lá e nestes jogos sentem-se muito confortáveis. Uma equipa que defende muito bem, faz excelentes transições. Este ano joga de uma forma diferente, mudaram um bocadinho as características dos jogadores. Às vezes jogam com um falso avançado, muito diferente do Cádiz, que era completamente um avançado, muito mais forte de cabeça e na profundidade do que no apoio, e neste momento o Aranda faz muito esse posicionamento. Esperamos um jogo complicado. Temos alguns jogadores de volta, se os centrais conseguem fazer 90 minutos depende de se estão a jogar bem, porque podem ser substituídos, mas temos mais opções e isso ajuda-nos a gerir os jogos, porque vêm aí muitas competições e esta é a principal para nós."

Famalicão II: "Gostamos sempre de ter mais tempo de preparação, mas temos uma grande vantagem, porque já temos muitas horas de trabalho. Passámos muito tempo, principalmente hoje, nessa parte específica. Eles não dão muito espaço, têm uma rotina entre o ala e o lateral muito interessante na forma de marcar o nosso ala e o nosso lateral, nisso tivemos muita atenção, no posicionamento dos médios-centro. Mas é mais fácil para nós fazermos esse trabalho mesmo com pouco tempo, porque os jogadores já conhecem muito bem as posições e aquilo que nós queremos. Vamos defrontar uma equipa muito difícil, com um treinador muito difícil e num campo muito difícil, mas estamos num momento em que temos de ganhar estes jogos difíceis e esse é o nosso objetivo."

Regressos de Diomande e Pedro Gonçalves deixam-no mais descansado: "Eu descansado nunca estou, porque isto tem acontecido de um momento para o outro. Algumas lesões são musculares, outras não, pode acontecer num treino ou num jogo e nós nunca estamos descansados. O que ajuda é gerir os minutos de toda a gente e não sobrecarregar jogadores. É impossível sermos competitivos se não tivermos o plantel todo. O Pote é um regresso, ainda vai demorar algum tempo a regressar ao ritmo em que estava mas é uma excelente notícia. Precisamos muito do Marcus, praticamente não contámos com ele este ano e faz-nos muita falta; principalmente nestes jogos de bloco mais baixo, sentimos muito a falta deles. Depois, os centrais. Às vezes estão a jogar praticamente a campo inteiro homem a homem, é um desgaste muito grande, portanto precisamos de todos. Agora, que estou muito mais relaxado nesta fase do que estava há duas semanas, é óbvio que estou."

Festejo efusivo do golo da vitória frente ao Sturm Graz: "Acho que já tive mais momentos, agora se calhar é que fui apanhado na câmara. Tinha noção de que este jogo era importantíssimo para a Liga dos Campeões, era mesmo importante, porque vamos ter agora dois gigantes. Isso pode criar alguma desconfiança. Toda a gente olhava para o Sporting como favorito para aquele jogo e esse é o passo que, enquanto clube, temos de dar: quando somos favoritos, apresentamos resultados. Às vezes podemos não ganhar, mas somos mais dominadores. Foi uma junção disso tudo. Nunca sinto o jogo controlado, mas senti que o 2-0 'matou' um bocadinho o adversário. Porque qualquer bola parada pode mudar o jogo. Por isso, foi muito por aí. Senti que era um jogo importante, um momento importante e ajudou-nos a vencer o jogo."

Época para marcar a história do Sporting, que não é bicampeão nacional há 70 anos e só por uma vez chegou aos quartos de final da Liga dos Campeões, em 1983: "Não sei dizer. Temos essa ambição, obviamente, mas não sei dizer. Estamos preparados, estamos num nível diferente, mas não quero aumentar a pressão sobre a equipa, estar sempre a falar nisso, que vamos fazer história. A ambição é essa, acho que temos capacidade para isso. Precisamos de sorte, de competência, de sorte nas lesões, que também é sorte do jogo. Essa é a nossa ambição, se vai acontecer ou não, vamos esperar pelo fim e não estar a dizer agora nada sobre isso que aumente a pressão sobre a equipa. Queremos ganhar o campeonato, acho que é óbvio. O esforço que foi feito por parte de toda a gente para manter o plantel foi a pensar : 'Nós temos de ser bicampeões, há 70 anos que o Sporting não é bicampeão.' E isso leva-nos à Liga dos Campeões outra vez, podemos compensar as partes financeiras. Queremos muito fazer história, mas não vale a pena estar a falar muito nisso, é deixar correr os jogos."

Regresso de Pedro Gonçalves, que costuma marcar em Famalicão: "Ele marca em quase todos os sítios. O Pedro Gonçalves pode jogar no banco, pode ser titular, não pode é fazer o jogo todo. Isso é certo, não vai poder fazer o jogo todo. Se for titular, terá de sair, independentemente de precisarmos dele ou não. Já decidi, mas vamos ver se ele joga de início ou entra depois."

Pedro Gonçalves II: "Obviamente que ficamos muito melhores com o Pote, mas não diria que conseguimos desbloquear blocos baixos só com o Pote. O Marcus se calhar é o jogador com mais características para isso; ainda não o tivemos. Depois, coisas como ter o St. Juste de volta também, que tem uma capacidade de carregar a bola que pode ser um homem extra a desbloquear. O Debast manter-se como central do lado direito a carregar a bola pode desbloquear. O Matheus Reis, se estiver apto, se calhar é o central que tem mais essas características, para se envolver, por exemplo, com o Nuno Santos. Se tivermos as peças todas, somos melhores a desbloquear qualquer bloco. O Pote é uma grande parte disso, pelos números que tem, e há poucos jogadores como ele em junto à baliza, a passar a bola para a baliza, como dizem, portanto, obviamente que ficamos muito mais fortes a desbloquear esses jogos com o Pote."

Baixas e incertezas: "[Marcus Edwards e Eduardo Quaresma] são as únicas baixas, ainda não podem jogar. O [Gonçalo] Inácio também não tem descansado e na pausa da seleção não treinou. Sofre dos dois males: não descansa e quando parou não treinou. Ou seja, não manteve a forma física. Ele tem-se sacrificado pela equipa. Poderá ser um jogador a sair, mas não vou estar a dizer, porque envolve a estratégia. O Matheus Reis está na mesma situação do Pote, não poderá fazer o jogo todo. O Ousmane [Dembelé] como é mais robusto fisicamente poderá ir a jogo, vamos ver como será o rendimento dele, porque não treinou com a equipa. Mas ele é muito robusto, está recuperado da entorse, vamos ver como será amanhã."

Importância de rodar a equipa: "A rotatividade tem de ser. Já fazíamos isso no passado. Quanto mais a qualidade do plantel sobe, mais temos de fazer isso, porque ao terceiro jogo da semana tem de haver não só corpos frescos, mas também mentes frescas. Eles também são competitivos entre eles e isso aumenta a qualidade, ninguém fica desmotivado. Obviamente que há casos específicos de jogadores que têm jogado menos e casos específicos de jogadores que têm jogado quase sempre, mas o rendimento que eles dão e a capacidade que eles demonstram permite ao treinador rodar e manter toda a gente contente, toda a gente fresca e ir para os jogos a pensar em vencer."

Bruno Ramos tem sido aposta, Amorim já pediu ao Sporting para acionar a opção de compra? "Ainda não estamos nessa fase. Tivemos muitos percalços na equipa principal. O Bruno não estava a ser muito utilizado na equipa B e depois, para não destruirmos o trabalho da equipa B para a semana, chamámos o Bruno. Gostámos dele, as características encaixam bem na nossa forma de jogar e é talvez o central da equipa B que tem mais trabalho com a equipa A. Juntou-se a nós, jogou e agora, enquanto não assegurarmos bem esta situação dos centrais, estará com a equipa A, faremos a gestão normal e no fim a equipa técnica irá ver essa situação da opção de compra. Ele vai continuar agora, mas não sei o que vai acontecer para o ano. Também não lhe quero estar a dizer, para ele não deixar de trabalhar e não relaxar, mas estamos muito satisfeitos com o Bruno, sim."

Afirmação de Zeno Debast após início complicado: "Eu não fiz nada de extraordinário. Tentei ler o momento do jogador, o momento da equipa, depois houve a lesão do Quaresma e ele entrou, e como vinha a entrar nesses jogos estava preparado. Acreditamos muito nele e lá dentro, de toda a gente, não houve a mínima dúvida - houve cá fora, é normal - do jogador que tínhamos ali, sempre soubemos. E o jogador sente isso. Depois, quando tem oportunidade, as rotinas da equipa, as coisas aparecem. Está num excelente momento, tem feito os jogos todos, jogou pela seleção, estava muito cansado neste jogo. O que ele tem de pensar é que, da mesma forma que duvidaram muito dele e agora toda a gente gosta muito dele porque fintou uma pessoa porque fez um passe, para mim é igualzinho: o erro está ao virar da esquina e nós temos de viver isto com naturalidade, o bom e o mau. A única coisa que eu fiz foi nem por um momento mostrar ao Debast que não confiava nele."

Sequência de jogos complicada: "Até à paragem da seleção, temos aqui jogos que valem três pontos, como os outros, mas às vezes há fases que transmitem uma mensagem para toda a gente, não só para nós mas também para fora. Temos agora o Famalicão, tivemos Liga dos Campeões fora, temos a Taça da Liga para passar à Final Four, depois temos Estrela da Amadora, City para a Liga dos Campeões e Braga fora. Temos aqui um conjunto de jogos que, se tivermos rendimento e ganharmos, transmite uma mensagem não só para nós, mas também para toda a gente lá fora. Por isso, diria que temos aqui um mês importantíssimo para o nosso campeonato."

Se vencer esta série de jogos, e tendo em conta que há um Benfica-FC Porto a 10 de novembro, o Sporting passa a ser favorito ao título? "Não digo favorito, nem tem nada a ver com o jogo dos rivais - claro que vão perder pontos, alguém vai perder pontos ou os dois entre si. O que eu digo é que nós já temos uma vantagem de três pontos. Obviamente que ainda há muita história por contar, o importante é ganhar estes jogos. Numa sequência de jogos de muitas competições, ganhar os jogos e ganhar os jogos da principal competição para nós, que é o campeonato, e são jogos complicados. Não seremos favoritos, mas é um passo e uma mensagem importante para toda a gente."

Treinador do Gil Vicente disse que o campeonato vai ser um passeio para o Sporting: "Não vamos passear na Liga. Isso não vamos. Já houve oscilações aqui. Quando certos jogadores com certas características nos faltam em certos jogos, há aqui uma oscilação, mas não há oscilação no domínio e no controlo do jogo. Há uma oscilação na qualidade, no talento, na inspiração, isso há sempre. Vai ser um campeonato muito difícil, temos aqui uma sequência de jogos muito difícil. Não vamos passear no campeonato, vai ser duro, mas estamos aqui para vencer."

Saída de Hugo Viana, Rúben Amorim vai aconselhar na escolha do substituto? "Não irei dar conselhos, porque tenho jeito para o meu trabalho porque só me meto no meu trabalho. Não penso que sou tão inteligente que sei gerir tudo. Eu só sei fazer o meu trabalho. Foco-me naquilo que eu sei fazer. O meu trabalho é o meu trabalho, o trabalho dos outros é o trabalho dos outros. Foco-me no que tenho de fazer, que é o jogo com o Famalicão e ajudar a equipa a ganhar."

Renovação: "Estou focado no jogo. Não vou dizer nada, não vou tecer qualquer comentário, não vale a pena perguntarem. O foco está no próximo jogo e apenas isso."

Sente-se um treinador invejado pelos colegas de profissão: "Invejado no sentido da estabilidade que eu tenho. Isso ninguém tem. Em Portugal ninguém tem e no mundo também é difícil encontrar. A verdade é que eu tenho uma estabilidade que nenhum treinador tem. Tudo bem que ganhámos o primeiro campeonato, chegámos numa fase muito difícil e ganhar no primeiro ano deu uma aura diferente à equipa técnica, mas depois foi-nos permitido errar em muitas situações. Portanto, nesse aspeto, eu sinto-me invejado porque é verdade, não há nenhum treinador com a estabilidade e com a mesma qualidade de trabalho: manter os jogadores, ter autonomia para fazer... eu estou longe de decidir tudo aqui, mas sinto que sou ouvido em todas as decisões que interferem com a equipa principal. Nesse aspeto, sou de certeza absoluta invejado por todos os treinadores."

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