06 set, 2018 - 06:50 • Sérgio Costa
O caso de alegada corrupção e violação do segredo de justiça (entre outros crimes) que envolve a Benfica SAD e Paulo Gonçalves deverá ser analisado pela Comissão de Instrutores da Liga. Para isso, este organismo deverá, logo que possível, solicitar elementos de prova ao Ministério Público.
Trata-se do procedimento normal neste tipo de situações, sobretudo após ter sido aberto um inquérito do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
Ao que a Renascença apurou, a Comissão de Instrutores (CI) deverá solicitar elementos de prova em breve. O avanço do processo depende, no entanto, da disponibilidade do Ministério Público para libertar todas as informações que a CI entenda necessárias.
Contudo, não estão estabelecidos prazos para a conclusão de todos estes procedimentos, nem mesmo para a conclusão de um eventual processo disciplinar por parte da Liga, caso tal se venha a justificar.
“E-toupeira” avança, emails param
O Ministério Público acusa dois funcionários judiciais, a SAD do Benfica e o seu colaborador Paulo Gonçalves de vários crimes, incluindo corrupção, favorecimento pessoal, peculato e falsidade informática, no âmbito do caso "e-toupeira".
Numa nota da Procuradoria-Geral da República lê-se que "ficou suficientemente indiciado que os arguidos com a qualidade de funcionários de justiça, acederam a processos-crime pendentes no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa e do Porto e em outros tribunais, transmitindo as informações relevantes ao arguido colaborador da SAD, fazendo-o de acordo com a solicitação do mesmo e em benefício da mesma sociedade".
O Ministério Público sugere a suspensão do Benfica nas competições num prazo de seis meses a três anos.
A Renascença apurou, entretanto, que o caso dos emails continua parado no que à Liga diz respeito. Apesar de já ter solicitado elementos de prova, a Comissão de Instrutores da Liga ainda não teve acesso aos emails do Benfica divulgados por Francisco J. Marques através do Porto Canal.
A Renascença sabe ainda que a Comissão de Instrutores está a conduzir as diligências ao seu alcance para apurar os factos, depois de ter sido igualmente aberto o processo de inquérito por indicação do presidente do Conselho de Disciplina, da FPF José Manuel Meirim.
Neste quadro, a CI não dispõe dos meios de produção de prova ao alcance da Justiça comum, que prossegue as investigações. A justificação para a recusa da libertação dessa informação está sobretudo relacionada com o facto de ainda não serem do domínio público algumas vias de investigação que a Polícia Judiciária está a seguir.
Ao contrário do caso e-Toupeira, do processo dos emails ainda não resultou qualquer acusação formal do Ministério Público.