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Crónicas da América
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Guterres. Candidato que “emanou” da Assembleia Geral aclamado quinta-feira

12 out, 2016 - 07:43 • José Alberto Lemos, em Nova Iorque

Português falará na ONU pela primeira vez como secretário-geral eleito.

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A Assembleia Geral das Nações Unidas vai aprovar, na quinta-feira, a nomeação de António Guterres para secretário-geral da organização. O plenário foi convocado pelo presidente para as 10h00 de Nova Iorque, 15h00 de Portugal, e abrirá com a apresentação de uma moção que será votada pelos representantes dos 193 países com assento na ONU.

O presidente da Assembleia Geral, Peter Thomson, informou na convocatória que deseja que a aprovação de Guterres seja feita por aclamação, pelo que se espera que a votação seja apenas uma formalidade que se destina a consagrar a escolha feita na semana passada pelo Conselho de Segurança (CS).

Embora, em teoria, a Assembleia Geral se possa opor à recomendação do Conselho de Segurança, não há memória de que tal tenha acontecido. E muito menos num caso como o do candidato português, que obteve um grande consenso no CS e foi aprovado por unanimidade e aclamação.

Em todo o caso, formalidades são formalidades, e só depois de quinta-feira o seu nome ser ratificado pela Assembleia Geral é que Guterres se pode considerar oficialmente o próximo secretário-geral.

Após a votação, usarão da palavra os líderes dos cinco blocos regionais que compõem as Nações Unidas e ainda o representante do país anfitrião — os Estados Unidos da América.

É uma tradição que o embaixador americano discurse no primeiro acto de consagração do novo secretário-geral para lhe dar as boas-vindas ao país que acolhe a organização no seu território.

O verdadeiro candidato da Assembleia Geral

O mais provável é que as intervenções de cada um dos oradores sejam elogiosos para Guterres e não só por cortesia diplomática. É que ele é o primeiro líder da organização em cuja escolha a Assembleia Geral teve um papel importante, senão decisivo.

Foi graças à exposição pública dos candidatos e à transparência do processo de selecção que as qualidades de Guterres se evidenciaram, deixando pouca margem de manobra aos membros do Conselho de Segurança para optar por uma escolha diferente forjada em negociações de bastidores.

Em certo sentido, pode dizer-se que Guterres é o primeiro secretário-geral que emana da Assembleia Geral em 70 anos de existência da ONU. Essa é a convicção generalizada e a Assembleia Geral está hoje em condições de reclamar os louros deste novo processo, iniciado no ano passado sob a presidência do dinamarquês Mogens Lykketoft, cujo mandato cessou em Setembro. Prevê-se por isso que os oradores não deixem escapar a oportunidade.

Por outro lado, Guterres encarna também a genuinidade de uma candidatura que veio das “bases”, na medida em que foi apresentada pelo seu país de origem e não foi um candidato patrocinado por qualquer das grandes potências com assento permanente no CS.

Nem tão-pouco resultou de negociações de bastidores. Dificilmente se poderia encontrar, pois, maior identificação entre aquilo que a Assembleia Geral visava com o novo processo público de selecção e a vitória da candidatura portuguesa.

Mas as intervenções previstas dos cinco embaixadores mencionados deverão também exprimir as expectativas de cada grupo regional em relação ao novo secretário-geral. É provável que cada região avance com as suas preocupações mais imediatas e encoraje Guterres a inclui-las na sua agenda.

O ex-primeiro-ministro português falará no final para agradecer a confiança que lhe foi dada e, à semelhança do que fez na declaração de Lisboa na semana passada, reiterar a humildade com que assume o cargo.

Além disso, é possível que Guterres faça também referência a alguns dos pontos mais prementes do seu programa e abra caminho ao “diálogo substantivo” que a Assembleia Geral vai iniciar com ele já na próxima semana.

Guterres em diálogo

O presidente marcou para quarta-feira, dia 19, essa reunião informal e aberta com o novo secretário-geral, na qual todos os interessados colocarão as questões que consideram prioritárias.

O começo deste diálogo a mais de dois meses da tomada de posse, marcada para 1 de Janeiro de 2017, é visto como um bom indício da relação franca e aberta que a Assembleia Geral espera ter com Guterres, que deverá aproveitar o encontro para enunciar a sua agenda – uma agenda que deverá reflectir a filosofia do programa com que se apresentou nesta corrida, mas que no essencial acabará por lhe ser imposta pela realidade internacional. Que, como sabemos, não é risonha, bem pelo contrário.

Comentários
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  • O Clube é fixe!
    16 out, 2016 lisboa 14:46
    Guterres na ONU!... Candidato que emanou do CLUBE BIELDERBERG!!!
  • Deusnosacuda
    12 out, 2016 Algures 11:00
    Será que temos o regresso do SALVADOR ? Não tenho jeito para apóstolo, mas se tivesse, metia uma cunha para me tornar um dos seus apóstolos e com ele não andaria esfarrapado e com fome como o andaram aqueles há 2.016 anos ! mas não lhe faltam apóstolos à sua volta !

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