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Stress faz empresas portuguesas perderem 300 milhões por ano

13 mar, 2015 - 16:30 • João Carlos Malta

Só 13% das empresas sabe lidar com os problemas de stress no local de trabalho, razão de mais de metade das faltas. Ordem dos Psicólogos lança prémio para promover comportamentos adequados.

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Todos temos ou sentimos stress, que até pode ser bom. Mas na sua vertente paralisante pode trazer problemas. E até são quantificáveis para a economia. "Estima-se que, em Portugal, o custo do stress [nas empresas] seja da ordem dos 300 milhões de euros anuais", diz à Renascença, o vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, Samuel Antunes.

Mais um dado para se perceber a dimensão do problema: mais de metade das faltas ao trabalho, entre 50% e 60%, têm como causa primária o stress. "É muitíssimo", sublinha este especialista, acrescentando que apenas uma em cada dez empresas está preparada para lidar com o fenómeno.

Mas não é tudo. Em muitos casos, "a pessoa até está no posto de trabalho, mas não produz. Não contribui para atingir os objectivos da empresa".

Samuel Antunes valoriza a necessidade de um bom ambiente no local de trabalho e, mais uma vez, recorre aos números para mostrar resultados: "Os estudos revelam que quando se investe na saúde laboral há um retorno. Por cada euro investido são ganhos nove".

E conclui: "Vale a pena investir. Não é só benefício para as pessoas, mas sobretudo para as organizações que ficam com o melhor das pessoas, que têm mais energia para trabalhar, mais envolvimento e compromisso".

Prémio entra em cena
Para valorizar as boas práticas de segurança, saúde e bem-estar, a Ordem dos Psicólogos em cooperação com a Autoridade para as Condições de Trabalho lançam o prémio "Locais de Trabalho Saudáveis".

As candidaturas para as três categorias da iniciativa, micro e pequenas empresas, médias empresas e grandes empresas, podem ser entregues a partir da próxima segunda-feira, 15 de Março, até 15 de Junho. Os vencedores, escolhidos por um júri composto por várias personalidades, são conhecidos em Novembro deste ano.

Durante este período, a Ordem dos Psicólogos promete uma série de acções de Norte a Sul do país, com conferências em que os empresários vão apresentar  testemunhos sobre a filosofia de gestão que implementam nas empresas.

"Vamos ainda também disponibilizar duas ferramentas: uma para avaliar riscos psicossociais nas organizações e outro para avaliar líderes", defende Samuel Antunes.

Apenas uma em cada dez empresas sabe lidar com stress
Apesar dos graves problemas que o stress traz à produtividade das empresas pouco mais de uma em cada dez sabe lidar com a questão.

"Só 13% das empresas portuguesas é que estão preparadas para lidar com o stress. A maior parte não tem meios humanos e técnicos. Nos países do Centro e do Norte da Europa a percentagem é muito maior", frisa o vice-presidente da Ordem dos Psicólogos. E acrescenta que, apesar de ainda não haver dados suficientes sobre a influência dos últimos anos na saúde mental dos portugueses, pode-se dizer com à vontade que "incrementaram a insegurança e a incerteza".

"Na Grécia, com o início da crise, o suicídio aumentou 40%. Em Portugal, não sabemos quanto é que aumentou, mas aumentou", argumenta.

Samuel Antunes assume que os casos que chegam aos consultórios que têm como causa o trabalho disparou. Algo que não surpreende o bastonário da Ordem dos Psicólogos. Telmo Mourinho Baptista alerta para a forma como a relação com o trabalho se tornou permanente. A tecnologia assim o quis.

"Faz com que possamos estar sempre a trabalhar ou eternamente. Ganhou uma centralidade e espalhou-se de forma tão significativa. É fonte de perturbação porque muitas das condições anteriores foram desaparecendo, e gera uma necessidade de adaptação que nem sempre se faz de forma adequada", remata.

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