O secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) avisa: as reformas em Portugal têm de ser reformadas.
"Tem de se reformar as reformas, porque é muito difícil logo à primeira vez ter as mudanças precisas. Mas, depois o contexto internacional também muda, e então é preciso mudar e adaptar as reformas às novas realidades", disse Angel Gurría esta segunda-feira, quando recebeu o Presidente da República, Cavaco Silva, em Paris.
Para o secretário-geral da OCDE, Portugal, "apesar de elementos negativos [da economia mundial] está com uma perspectiva positiva e as reformas nos últimos anos estão a ter resultados". A recomendação? "As reformas têm que ser uma forma de vida."
Na mesma ocasião disse acreditar que há uma perspectiva positiva quanto ao crescimento português, impulsionado por factores externos como a descida do preço do petróleo e a desvalorização do euro.
"Acreditamos que é possível um crescimento de 2% para 2015. O contexto não é fácil, mas isso acentua o desempenho de Portugal porque o comércio mundial continua fraco, a metade da velocidade de cruzeiro, tem que ter o dobro, em vez de 6 ou 6,5% tem que ser de 7%".
Um país de "factos"
Também para Cavaco Silva é possível Portugal crescer em 2015 acima do esperado. "A recente quebra do preço do petróleo e a depreciação do euro poderão conduzir a uma revisão em alta da taxa de crescimento para 2015, para valores em torno de 2%",
disse.
O Presidente disse que Portugal apresenta "factos e não apenas palavras" quanto ao desempenho da economia, referindo-se ao facto de o défice orçamental poder ser inferior a 3% em 2015 (a previsão do Governo).
"Se isto se verificar, significa que Portugal está em condições de sair do procedimento dos défices excessivos, isto é qualquer coisa que nós não conseguiríamos antecipar há cerca um ano atrás. É um contributo da maior importância para reforçar a confiança dos mercados internacionais e junto dos investidores. Quer dizer que Portugal apresenta factos e não apenas palavras", frisou.
Cavaco Silva falava em Paris, na sede da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), numa conferência de imprensa conjunta com o secretário-geral desta organização.
Cavaco deixou ainda um pedido dirigido à comunidade internacional: “Não nos podemos enganar a nós próprios, não basta aquilo que cada Estado membro faz. É preciso que a União Europeia no seu conjunto, a OCDE e os países que a compõem e até o G20 dêem o seu contributo fazendo as reformas necessárias para que a economia progrida a um passo mais acelerado”.