05 ago, 2015 - 19:44
A assembleia-geral extraordinária do Montepio elegeu esta quarta-feira José Félix Morgado como presidente executivo do banco mutualista, disse à agência Lusa fonte oficial da instituição.
José Manuel Félix Morgado irá assim substituir Tomás Correia na presidência da Caixa Económica Montepio Geral, o nome oficial do banco, que até aqui era presidente do Conselho de Administração de ambas as entidades e que passará a ficar exclusivamente na liderança da associação mutualista.
Já a associação “Salvem o Pelicano” apelou ao Banco de Portugal para evitar que assumam funções alguns membros da nova equipa de gestão do Montepio, afirmando que 11 dos eleitos para o banco fazem parte também da gestão da associação mutualista.
Para a “Salvem o Pelicano”, que representa clientes e associados, a nova gestão não permite uma efectiva separação entre a associação mutualista e o banco, ao contrário do imposto pelo novo modelo de governação, pelo que "apela publicamente a uma intervenção por parte do Banco de Portugal".
De acordo com os estatutos, a reunião magna da Caixa Económica é apenas composta pelos órgãos sociais da Associação Mutualista, ou seja, é restrita a pouco mais de 20 pessoas.
"Destes mesmos 22 elementos, 11 (...) vão votar em si próprios para os diversos cargos, não estando assegurada a efectiva separação fundamental entre as duas entidades", Caixa Económica Montepio Geral e a Associação Mutualista Montepio Geral, refere a direcção da Salvem o Pelicano num comunicado divulgado antes de a assembleia-geral terminar.
Um dos nomes que está nas duas entidades é o de Tomás Correia, que durante anos acumulou os cargos de presidente da Caixa Económica e da Associação Mutualista. Com a aprovação de Félix Morgado para a liderança do banco mutualista, Tomás Correia fica só na presidência da associação mutualista. No entanto, acumulará também esse cargo com o de presidente do Comité de Avaliações da Caixa Económica.
Os dirigentes da associação Salvem o Pelicano referem ainda vários factos que consideram que não deviam acontecer na gestão Montepio, nomeadamente que haja "vários elementos sem experiência na administração de bancos" e a existência de "dois administradores do Finibanco Angola, que foi alvo, segundo a imprensa, de uma participação do Banco de Portugal à Procuradoria-Geral da República".
A associação critica ainda que o presidente do Conselho de Administração da Inapa, Álvaro Correia, seja também o presidente do Conselho Fiscal da Associação Mutualista Montepio Geral. A Inapa é também a empresa de onde vem José Félix Morgado.
"E seguramente não se entende que este presidente do Conselho Fiscal [Álvaro Correia] passe agora a acumular este cargo com o de presidente do Conselho Geral e de Supervisão da Caixa Económica Montepio Geral, quando, antes, era membro da Comissão de Vencimentos do BES, antes desse falir", lê-se no mesmo comunicado.
A associação refere ainda que o Comité de Avaliações tem agora como membros Tomás Correia e Carlos Beato, respectivamente presidente e vogal do Conselho de Administração da Associação Mutualista, e ainda Vítor Melícias, presidente da mesa da associação, quando - diz a “Salvem o Pelicano” - este comité deveria ser "composto por três membros independentes".
Por fim, o comunicado da associação “Salvem o Pelicano” critica que seja pouco transparente a situação do Montepio para os 650 mil associados e 1,5 milhões de clientes e pede ao Banco de Portugal que "não permita a concretização" das situações que relatou.