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China. Crise do yuan “pode ser um risco para empresas portuguesas”

30 ago, 2015 - 09:57 • José Pedro Frazão

A semana terminou mais calma nas bolsas. Mas uma semana de grande volatilidade nos mercados levanta dúvidas sobre a capacidade das autoridades para manter o crescimento económico na China. Tema em debate na Renascença com Santana e Vitorino no “Fora da Caixa”.

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O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes alerta para os impactos negativos da crise do yuan na estabilidade financeira das empresas portuguesas com capital chinês. O alerta foi deixado no programa “Fora da Caixa”, em que se debatem temas europeus, nas noites de sexta-feira na Renascença.

“Temos que estar preocupados na Europa por várias razões, nomeadamente os países que têm uma presença chinesa forte nas suas empresas, como Portugal. Pode ser um risco. Há alguns sinais. Algumas dessas empresas sofreram alguns abalos em consequência do que se passou na bolsa chinesa”, refere Santana.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia alerta ainda para os reflexos concretos que esta crise trará. “Isto pode criar dificuldades de financiamento dessas empresas e na estabilidade da sua situação económica. Não vou ao ponto de dizer que para dificuldades de financiamento, entreguem activos que adquiram em Portugal. Mas isto não passará incólume para essas grandes empresas que neste momento já compraram cá ou estão em vista de comprar. Não quero referir casos concretos mas há notícias em relação a empresas que fizeram aquisições significativas, nomeadamente no sector financeiro e nos seguros em Portugal era inevitável”.

Evitar a deflação
O antigo comissário europeu, António Vitorino, adverte que esta crise tem potencial para afectar a economia global. “O nosso interesse, europeu e o do mundo, é que a liderança chinesa saiba gerir esta crise de maneira a impedir que entremos numa deflação global. E é esse o desafio com que estamos confrontados”, diz Vitorino.

O comentador diz que a desvalorização da moeda chinesa alertou para eventuais problemas de crescimento económico interno e levou pensar que a China "iria voltar atrás, para o modelo da competitividade pelos baixos preços através da desvalorização da moeda”.

“Isso gerou uma onda de pânico, à escala global. Se é um pânico fundado? Não sabemos, porque nunca conhecemos todos os números da China”, enfatiza.

Vitorino partilha no “Fora da Caixa” uma das lições aprendidas nos tempos em que viveu em Macau e com base em contactos muito estreitos com a China nas últimas décadas.

“Um dos dogmas que os chineses invocam sempre é que a paz social na China existe se a China crescer 6% ao ano no mínimo. No dia em que a China crescer abaixo de 6%, haverá enormes problemas do ponto de vista social, designadamente criação de emprego”, explica Vitorino.

O ex-ministro dos governos de Guterres esmiuçou em seguida os números. “Na China entram anualmente no mercado de trabalho 10 milhões de pessoas. Precisam de 10 milhões de empregos por ano para essas pessoas estarem ocupadas. Se há sinais de abrandamento económico, isso coloca problemas muito sérios de coesão social na China e a nível regional”, remata António Vitorino.

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