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Fora da Caixa

Santana sobre apresentação de projecto de OE: Bruxelas exige "acto de cinismo"

23 out, 2015 - 18:57

Os comentadores do programa "Fora da Caixa" falam em excesso de burocracia por parte da Comissão Europeia ao exigir um projecto de orçamento no quadro do semestre europeu. António Vitorino diz que essa deve ser a prioridade do novo Governo.

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Santana Lopes. Bruxelas exige "acto de cinismo" com a apresentação de um projecto de orçamento.
Santana Lopes. Bruxelas exige "acto de cinismo" com a apresentação de um projecto de orçamento.

Pedro Santana Lopes pede "flexibilidade normativa" a Bruxelas sobre a entrega de projectos de orçamento por governos cessante. No programa "Fora da Caixa", da Renascença, o antigo primeiro-ministro diz que as actuais regras transformam este exercício previsto no chamado Semestre Europeu em algo "ilusório".

"Imagine que um Governo que está de saída tinha perdido as eleições e estava à espera da entrada de um novo Governo. O Governo cessante, não continuando, apresenta uma proposta de orçamento? Num país que tenha compromissos tão exigentes, vai deixar um legado de profunda austeridade, poupando a vida ao Governo seguinte e mandando para Bruxelas um exercício fidedigno? Ou pelo contrário envia um exercício de ficção para tentar aliviar a carga e deixar a ‘batata quente’ para o seguinte? Acho que Bruxelas exige um acto de cinismo", afirma Santana Lopes no habitual debate de temas europeus da Renascença.

O antigo primeiro-ministro pede flexibilidade nestes casos para todos os estados-membros, admitindo que outras soluções possam estar previstas num regulamento próprio. Confrontado com o facto de países como a Alemanha terem apresentado projectos de orçamento de governos cessante - por exemplo, em Outubro de 2013 - Santana Lopes responde: "Em crescimento eu também apresento [um orçamento dentro do prazo]. Em época de crescimento, todos apresentam".

"Era mandar uma folhinha A4"

António Vitorino foi comissário europeu e reconhece que em Bruxelas vigora, por vezes, um sentimento de angústia que justifica esta rigidez.

"A Comissão Europeia vive sempre na angústia entre tratar todos por igual - ou pelo menos dar a imagem de que tratam todos por igual - e a diversidade da vida e da realidade. O semestre europeu diz que é até 15 de Outubro, façam o favor de o entregar até 15 de Outubro. Caia o Carmo e a Trindade", explica o antigo ministro socialista no programa que vai para o ar às sextas-feiras na “Edição da Noite”, da Renascença.

Vitorino diz que estamos perante uma "exigência burocrática", em que a Comissão Europeia está a proteger-se. "Dá quase vontade de lhe mandar uma folhinha A4 com umas contas de envelope e dizer, 'ora aqui está o 'draft'", graceja Vitorino.

O antigo comissário lembra que o semestre europeu é uma medida de coordenação de políticas orçamentais e económicas dos estados-membros da União Europeia. Por isso, esta acaba por ser uma exigência da maior urgência para o novo Executivo português.

"É sinal de que o próximo Governo tem que dar prioridade imediata, não apenas à elaboração do Orçamento, mas ao envio de um primeiro rascunho do futuro orçamento", conclui o comentador do programa "Fora da Caixa".

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