29 out, 2015 - 14:59
O actual secretário de Estado Sérgio Monteiro vai integrar o Fundo de Resolução bancário para liderar a venda do Novo Banco, disse esta quinta-feira o Banco de Portugal em comunicado.
O banco central justificou a decisão afirmando que "a complexidade e os desafios associados ao processo da venda do Novo Banco" levaram à "necessidade de encontrar um responsável de reconhecido mérito e elevada experiência em operações desta natureza que pudesse assegurar a coordenação e gestão de toda a operação, incluindo o acompanhamento do programa de transformação a implementar pelo Novo Banco, que é condição essencial para a sua venda”.
O actual secretário de Estado das Infra-estruturas, Transportes e Comunicações vai então “assumir a responsabilidade de PMO (Project Management Office) do projecto, estando prevista a sua contratação pelo Fundo de Resolução em articulação com a Associação Portuguesa de Bancos”.
Sérgio Monteiro foi o principal responsável pelos processos de privatização e concessões no Governo de Pedro Passos Coelho.
A informação do regulador e supervisor bancário confirma, assim, a
notícia avançada esta quinta-feira pela edição “online” do “Público”.
Através do Fundo de Resolução, o Novo Banco recebeu uma injecção de 4,9 mil milhões de euros e ficou com os activos saudáveis e depósitos. O "banco tóxico" ficou para os accionistas.
A primeira tentativa para a venda do Novo Banco foi recusada pelo Banco de Portugal, que não considerou satisfatórias as propostas de compra.
O processo de alienação deverá ser retomado após os testes de stress que estão previstos para o mês de Novembro e que permitirão apurar as necessidades de capital do banco liderado por Stock da Cunha.
Lesados criticam
Nuno Lopes, da associação dos lesados do BES, critica esta transferência de Sérgio Monteiro para o Fundo de Resolução.
"Isto é, no mínimo, indecoroso e, no máximo, chocante. Numa altura em que estamos a uma semana de uma eventual moção de censura [ao Governo], isto representa algum oportunismo político para um lugar 'in extremis'", afirma Nuno Lopes, em declarações à Renascença.
"Aquilo que se devia fazer era esperar pela tomada de posse de um Governo, qualquer que ele seja, quer seja a coligação de esquerda ou uma solução de índole presidencial, e aí sim, em boa medida, e em consonância com os partidos que então estiverem no poder, escolher essa figura", defende.
[Notícia actualizada às 15h43. A decisão foi confirmada pelo Banco de Portugal.]