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FMI insiste na “moderação salarial” em Portugal

18 nov, 2015 - 23:06

Os economistas do Fundo Monetário Internacional defendem que essa moderação salarial teria um efeito positivo na competitividade.

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Um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) defende a continuação da moderação salarial em países como Portugal, considerando que tem um impacto positivo na criação de emprego e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

De acordo com uma `Nota para Discussão` de uma equipa de 10 economistas do FMI, que se centra sobretudo nos países da zona euro atingidos pela crise - Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e Itália -, apesar de já haver um processo de crescimento moderado dos salários nominais, com estes a reduzirem-se face à produtividade, é necessário "mais moderação salarial" para aumentar o emprego e evitar que essas economias regressem aos défices da balança de conta corrente com a recuperação económica.

Os economistas defendem que essa moderação salarial teria um efeito positivo na competitividade, tornando a compra de bens e serviços mais baratos e ajudando as exportações, mas também na procura interna devido à riqueza trazida pelo aumento das exportações, ainda que mitigado por um efeito negativo de um aumento real das taxas de juro.

Perante uma economia em crise, a `receita` do FMI tem passado por desvalorizar a moeda para com isso reduzir o valor real dos salários e das taxas de juro. No entanto, isso não é possível nos países da zona euro, como Portugal, que não têm uma divisa própria para controlar.

O FMI tem defendido então a chamada `desvalorização interna`, nomeadamente através da redução nominal dos custos como os salários, e neste documento os economistas da instituição liderada por Christine Lagarde dizem que não deve ser abandonada a moderação salarial, isto quando em Portugal se discute o aumento do salário mínimo e a reposição dos salários na função pública.

Este estudo tenta também perceber os efeitos sobre as economias quando a moderação salarial é levada a cabo apenas por um país ou quando vários a fazem simultâneo.

Tendo em conta o pressuposto de uma redução do crescimento nominal dos salários em dois pontos percentuais, se apenas um país fizer a moderação salarial há um efeito "fortemente positivo", destacam os economistas, que estimam um aumento de 1% do PIB face ao cenário base no segundo ano e 2% no terceiro ano.

Já se todos os países reduzissem a inflação salarial em dois pontos percentuais, haveria uma expansão do PIB de apenas 1% no terceiro ano.

O FMI conclui, assim, que quanto mais países levarem a cabo a moderação salarial, menos é o efeito, mas que há sempre um impacto positivo de uma política de moderação salarial.

Por fim, é defendido que a moderação salarial seja combinada com uma política monetária de estímulo à economia e com reformas estruturais, o que - consideram os economistas - teria efeitos agregados importantes não só nos países em crise como em toda a zona euro.

Comentários
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  • Alberto Martins
    19 nov, 2015 Lisboa 15:29
    Mesmo lá longe a mãozinha do gaspar faz-se sentir cá... O ideal seria uma moderação salarial tipo burkina faso ou burundi... Aí é que era ver o que é competitividade...
  • Miguel
    19 nov, 2015 Lisboa 10:40
    Um pais de luxo extremamente seguro com mão de obra escrava é o sonho de qualquer investidor.
  • ferreira
    19 nov, 2015 rqtparta 10:16
    Qual moderação nos salários? Aqueles salários de 600 ou 700 e poucos euros que já estão congelados desde há cinco anos e que ainda lhes foram cortados os subsídios, aqueles salários que não permitem viver com dignidade e antes de chegar ao fim do mês já não se tem dinheiro para as despesas essenciais? É desta moderação de que falem estes palhaços? Ah já sei, para eles quanto menos se tem menos sentem falta. Cambada de nojtos. Depois são aos montes os que não têm dinheiro para pagar a água e a luz, os carros todos podres como se vê muitos por aí, mas não têm dinheiro para ir à oficina, por outro lado os donos da oficina fiquem a chupar no dedo sem trabalho e despedindo ou fechando as portas, as casas estas a apodrecer mas os donos não tem dinheiro para as arranjar, também pudera, um funcionário público a ganhar 20 euros por dia, quando eles ganhavam por dia 60 ou 70 euros, tinha que arrebentar, uma desigualdade incrível, por isso muitos estão sem trabalho. Quanto a esta porcaria da moeda única e que muitos idiotas a defendem. mas é aqueles que não sentem a crise, esta é o que se vê, as moedas do euro valem tão pouco que quando se vai às compras o que se ganha num dia não se compra quase nada… Já deixei de acreditar nesta europa, nesta moeda única, nos políticos e na democracia… E vem estes bandalhos falarem em moderação salarial, quando se ouve que as pessoas deixam de pagar os seus compromissos porque não têm dinheiro. CA---LHAS…
  • Comecem por cima
    19 nov, 2015 Lisboa 10:08
    A moderação salarial deve começar por cima. O cume da pirâmide hierárquica é o que mais pesa em termos de custo, e , pelo que é de conhecimento público cá em Portugal - país de cunhas, lobbies e corrupção - o cume da pirâmide hierárquica empresarial é o que menos produz. Façam o favor de reduzir os salários aos Administradores e directores, para que assim contribuam para o bem estar geral do país....o povo agradece!

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