16 dez, 2015 - 15:51
O Governo vai tentar "corrigir o que devia ter sido corrigido há mais tempo" em relação ao Banif para atenuar as perdas para os contribuintes, afirma o primeiro-ministro, numa crítica implícita à intervenção levada a cabo até agora.
No debate quinzenal no Parlamento, António Costa reafirmou que o dinheiro dos depositantes do Banif está garantido. "Entre o fundo de garantia de depósitos e o Estado, não haverá qualquer depositante que tenha ameaçado um cêntimo que seja", assegurou.
A mesma garantia não pode ser dada ao dinheiro dos contribuintes injectado no banco, disse o primeiro-ministro. .
O processo de venda do banco com sede no Funchal ainda está em curso, mas “ninguém ficará surpreendido que os contribuintes paguem um preço pela operação de capitalização feita em 2012 no Banif”, avisou.
"Vamos fazer tudo nas instituições europeias para que a perda para os contribuinte seja a menor possível. No quadro ultra-limitado e no espaço limitado de tempo que temos vamos tentar corrigir o que devia ter sido corrigido há mais tempo", declarou o primeiro-ministro.
Na segunda-feira, ao início da madrugada, o Ministério das Finanças disse, em comunicado, que está a acompanhar a situação do Banif, após a divulgação de notícias a dar conta de que o Estado se prepara para aplicar uma medida de resolução na instituição financeira.
"O plano de reestruturação do Banif, tal como é de conhecimento público, está a ser analisado pela DG Comp [Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia]. Paralelamente, decorre um processo de venda do banco nos mercados internacionais conduzido pelo seu Conselho de Administração. O Governo acompanha, como lhe compete, a evolução destes processos", acrescentava-se nesse comunicado do Ministério das Finanças.
O Banco de Portugal referiu que, em articulação com o Ministério das Finanças, "está a acompanhar a situação do Banif, garantindo, como é da sua competência, a estabilidade do sistema financeiro, bem como a segurança dos depósitos".
O supervisor financeiro adiantou no mesmo comunicado que, "tal como foi revelado pelas autoridades nacionais, europeias e pelo Conselho de Administração do Banif", o plano de reestruturação do banco "está a ser analisado pela Comissão Europeia e, em paralelo, está a decorrer um processo de venda internacional da instituição financeira conduzido pelo Conselho de Administração".
O primeiro-ministro António Costa reuniu-se, terça-feira, com os partidos com assento parlamentar para analisar a situação do Banif.
O presidente executivo do Banif, Jorge Tomé, sublinhou na segunda-feira à noite que o banco conta com uma posição de "liquidez confortável", garantindo que "os depositantes e contribuintes podem estar descansados".
Em entrevista à RTP-Madeira, Jorge Tomé classificou de "disparate perfeito" um cenário de encerramento do banco, transmitindo uma mensagem de confiança aos depositantes da instituição.
Quanto ao reembolso da última tranche dos `Cocos` (de 125 milhões de euros), que deveria ter sido feita no início do ano, mas não foi, o presidente executivo do Banif justificou-a com o colapso do BES, que `contaminou` a instituição.
O Banco tinha, no final de Setembro, cerca de 1700 trabalhadores em Portugal.