20 dez, 2015 - 14:44
O Fundo Monetário Internacional admite que a dívida portuguesa devia ter sido reestruturada, e que só não foi porque na altura porque se temia o efeito de contágio.
As normas do FMI indicam que apenas os países com dívidas sustentáveis deviam ser financiados, e que para os outros devia-se recorrer a reestruturação. Mas no caso de Portugal, as coisas não funcionaram assim, explica a organização num relatório publicado na última semana.
“Em Portugal foi difícil afirmar categoricamente que havia uma alta probabilidade de a dívida ser sustentável no médio prazo. No entanto, dadas as preocupações acerca do contágio sistémico internacional, invocou-se uma isenção sistémica para justificar o acesso excepcional”, diz o relatório, citado pelo jornal “Público”.
Este é apenas um de uma série de falhas que o FMI reconhece ter cometido ao longo dos últimos anos nos resgates a países em dificuldade financeira. Os técnicos admitem que a consolidação orçamental foi exigida com demasiado pouco tempo, tendo tido efeitos negativos e também que a desvalorização interna, o que em casos como Portugal tem de ser levado a cabo através da redução salarial, deveria ter tido um prazo maior para ser implementado.
Algumas das falhas detectadas já tinham sido admitidas, surgindo agora consolidadas no relatório. O FMI admite ainda que nalguns casos as suas políticas estavam alicerçadas em dados sem sustentação científica.