30 dez, 2015 - 11:50
O Novo Banco (NB) garantiu esta quarta-feira que os depósitos dos clientes ficaram de fora das medidas de resolução definidas pelo Banco de Portugal, que tem apenas em conta as obrigações seniores do banco.
Numa carta enviada aos colaboradores, a que o “Diário Económico” teve acesso, o NB diz que desta forma já não é possível haver mais transferência de activos ou passivos para o BES.
O NB vai ser capitalizado com quase dois mil milhões de euros provenientes de títulos de dívida, anunciou esta terça-feira, o Banco de Portugal, e a perda vai ser suportada por grandes obrigacionistas, nomeadamente investidores qualificados como bancos ou fundos de investimento, que aplicaram um mínimo de 100 mil euros em títulos de dívida.
A instituição liderada pelo governador Carlos Costa explicou, em comunicado, que vai transferir 1.985 milhões de euros em obrigações seniores do NB para o BES, o chamado "banco mau".
O “bail in”, ou resgate interno, à custa dos grandes obrigacionistas pode trazer uma chuva de processos judiciais, avisa, em entrevista à Renascença, o director-executivo do jornal “Expresso”, Pedro Santos Guerreiro.
Suspensão de venda empurra reembolsos antecipados ao FMI para 2016
A suspensão da venda do Novo Banco empurrou parte dos reembolsos antecipados ao FMI para 2016, estando estas devoluções dependentes da venda da instituição financeira e da alienação dos activos do Banif que ficaram no veículo público.
Em entrevista à agência Lusa, a presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), Cristina Casalinho, afirmou que, "este ano, o objectivo inicial [quanto aos reembolsos antecipados ao Fundo Monetário Internacional] era de 10 mil milhões de euros", mas que esse objectivo teve de ser alterado devido ao cancelamento da venda do Novo Banco.
Portugal desembolsou antecipadamente 6,6 mil milhões de euros ao FMI em Março deste ano e devolveu mais 1,8 mil milhões em Julho, ascendendo o valor total reembolsado ao Fundo antes do prazo a 8,4 mil milhões de euros.
Assim, o IGCP estima agora que sejam devolvidos antecipadamente ao FMI 10 mil milhões de euros no próximo ano, mas alerta que o cumprimento deste objectivo não está ainda garantido e depende da alienação de activos, nomeadamente do Novo Banco e do Banif.