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Portugal arrisca não sair dos défices excessivos devido ao Banif

14 jan, 2016 - 09:53

Bruxelas poderá considerar a resolução do banco como uma medida excepcional. Portugal tem de sair do procedimento para aceder às medidas de flexibilização que permitem aumentar despesa no curto prazo.

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Portugal arrisca-se a não sair do procedimento dos défices excessivos em 2015 por causa do resgate ao Banif aprovado em Dezembro do ano passado, apesar de se tratar de uma medida considerada extraordinária.

Bruxelas coloca um país sob procedimento dos défices excessivos se tiver um défice orçamental acima de 3% e se a dívida pública superar os 60% do Produto Interno Bruto (PIB). Portugal está debaixo deste procedimento desde 2009, mas é abrangido por uma norma transitória que dispensa do cumprimento do critério da dívida os países que em Novembro de 2011 já estavam em procedimento dos défices excessivos, o que quer dizer que só terá de cumprir o requisito do défice.

O Governo anterior garantia que teria um défice abaixo dos 3% este ano. Mas em Dezembro, já depois da tomada de posse do novo Governo, o Banif foi vendido ao Santander Totta por 150 milhões de euros, no âmbito de uma medida de resolução, que foi acompanhada por um apoio público de 2.255 milhões de euros, sendo que 1.766 milhões de euros saem directamente do Estado e 489 milhões do fundo de resolução bancário, que consolida nas contas públicas.

O IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública), divulgou este mês, numa apresentação aos investidores, que o défice orçamental de 2015 será de 4,2% do PIB, mas que seria de 3% se se excluir o resgate ao Banif. A questão agora é saber se a medida de resolução aplicada ao banco impede ou não o encerramento do procedimento dos défices excessivos nesse ano, tal como acordado com Bruxelas.

O código de conduta da União Europeia sobre a implementação do PEC, de Setembro de 2012, esclarece que, se um Estado-membro que esteja sob procedimento dos défices excessivos tiver realizado "acções efectivas" para reduzir o défice mas tiverem ocorrido "eventos económicos inesperados e adversos e com grandes consequências desfavoráveis para as finanças públicas", Bruxelas pode, "por regra, prolongar o prazo para a correcção do défice excessivo por um ano".

Entre os acontecimentos inesperados que podem penalizar as contas públicas estão, segundo um regulamento de 1997, "operações de estabilização financeira durante perturbações financeiras graves".

Medidas "one-off" não devem penalizar Estados-membros

Já em 2013, o então vice-presidente da Comissão Europeia Olli Rehn reiterou, numa carta enviada aos ministros das Finanças da União Europeia, que os Estados-membros não devem ser penalizados no âmbito do PEC quando são forçados a tomar medidas de auxílios estatais necessárias para salvaguardar a estabilidade financeira.

"Ao abrigo do PEC, as injecções de capital são, regra geral, consideradas como medidas 'one-off' ou temporárias e como factores relevantes para a estabilidade financeira, o que quer dizer que não contam contra um Estado-membro no contexto de um procedimento do défice excessivo", escreveu Olli Rehn.

A saída do procedimento do défice excessivo é necessária para que o país possa recorrer às regras de flexibilidade aprovadas em Janeiro de 2015 pela Comissão Europeia e que permitem que os Estados-membros tomem medidas que aumentem a despesa no curto prazo, tanto a nível do investimento como das reformas estruturais, desde que essas medidas tenham ganhos no médio prazo.

Comentários
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  • Zé Povinho
    14 jan, 2016 Lisboa 14:53
    Estamos perante uma batata quente, que o anterior governo não quis resolver, para não agravar as contas, enganando e escondendo aos Portugueses, para parecer que estávamos bem. Afinal, estávamos com sérios problemas e o anterior governo escondeu isso!
  • fr para Vitor
    14 jan, 2016 Portugal 13:36
    A culpa é de quem toma as decisões fruto de mistura de interesses públicos e privados. Um exemplo para perceber: um parlamentar, portanto funcionário público, vota nas ajudas financeiras que do banco privado que também gere. Portanto é um funcionário público e trabalhador privado, simultaneamente. É assim que funcionam muitas PPP's, por exemplo. Isto em linhas simples...é o que corroí o país...e vai desde saúde a indústria, comunicações a bancos...usa-se dinheiros públicos para interesses privados em vez de interesse público, de todos.
  • fr
    14 jan, 2016 Portugal 12:34
    Há duas hipóteses. Votamos Marcelo e mantemos o que temos ou votamos Paulo Morais e depositamos as nossas esperanças nele. O futuro com Marcelo é de continuar as mortes nos hospitais, troika, bailouts de bancos privados e assalto ao contribuinte . Decidimos todos nós 23 Janeiro. É preciso que os media ajudem e abram um espacinho para os outros que não os grandes interesses que nos destroí, que nem a Renascença que ajuda se não censurar este comentário.
  • vitor
    14 jan, 2016 lisboa 11:45
    Não digam disparates. A culpa não é do Banif, nem do Banco Espírito Santo ou BPN. É dos funcionários públicos.

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